Ministro Fávaro e a Crítica às tarifas dos EUA
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, classificou nesta quinta-feira (10) a taxação de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos como uma “ação indecente”. Em sua declaração, Fávaro reforçou o compromisso do governo federal em buscar a ampliação de mercados internacionais para compensar a medida.
Ele destacou que está em diálogo constante com diversas entidades dos setores mais impactados, como suco de laranja, carne bovina e café, buscando alternativas viáveis. “Neste momento, nosso foco é intensificar essas ações, explorando mercados importantes no Oriente Médio, Sul Asiático e Sul Global, que possuem um grande potencial consumidor e podem servir como alternativas para as exportações brasileiras”, afirmou o ministro.
Impactos das tarifas no Setor Agropecuário
As tarifas de 50% anunciadas por Trump na última quarta-feira (9) têm gerado uma onda de críticas dentro do setor agropecuário. Muitas entidades representativas já se manifestaram, expressando sua preocupação com os efeitos negativos que essa decisão pode trazer. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) se posicionou, afirmando que acompanha de perto as implicações da imposição de tarifas adicionais que, segundo a entidade, não se justificam pelo histórico positivo das relações comerciais entre os dois países.
De acordo com a CNA, “a economia e o comércio não devem ser injustamente afetados por questões de natureza política”. A nota da entidade enfatizou que essa tarifa adicional pode prejudicar as economias tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos, causando danos significativos a empresas e consumidores em ambas as nações.
Setor de Suco de Laranja em Alerta
No que diz respeito ao setor de suco de laranja, a decisão de Trump foi considerada “péssima” para a exportação de produtos derivados da laranja. Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, afirmou que a indústria foi pega de surpresa e que agora está avaliando os impactos que essa medida pode acarretar. “Essa decisão não afeta apenas o Brasil, mas toda a indústria de suco dos EUA, que depende fortemente do Brasil como seu principal fornecedor há décadas”, destacou Netto.
Carnes e Questões Geopolíticas
Similarmente, a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) expressou descontentamento com o uso de disputas geopolíticas como justificativa para a imposição de barreiras comerciais. A associação ressaltou a importância de manter a cooperação global para garantir a segurança alimentar, especialmente em tempos que demandam estabilidade entre países. A Abiec manifestou interesse em colaborar para que medidas como essas não prejudicassem os setores produtivos brasileiros nem os consumidores americanos.
O Café e sua Importância Econômica
Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), também comentou sobre a situação. Ele destacou que o Brasil possui uma participação de cerca de 30% no mercado de café dos EUA. O dirigente destacou que os Estados Unidos são o principal importador de café, e cada dólar investido na compra de café gera aproximadamente US$ 43 na economia americana, sustentando mais de 2 milhões de empregos e representando 1,2% do PIB do país.
“Estamos esperançosos de que a razão prevaleça e que haja previsibilidade no mercado, pois sabemos que os consumidores norte-americanos acabarão arcando com os custos desta decisão. Todas as medidas que impactam o consumo são prejudiciais ao fluxo comercial e ao desenvolvimento das economias dos países envolvidos”, concluiu Matos, expressando a expectativa de que um acordo mais favorável para o comércio de café entre Brasil e Estados Unidos possa ser alcançado.