Novas Direções para as exportações Brasileiras

O governo brasileiro está em busca de novos mercados para redirecionar suas exportações, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, implementar uma tarifa de 50% na importação de produtos do Brasil. Esta decisão, que se reflete de forma negativa nas relações comerciais entre os dois países, não impede o Brasil de considerar alternativas. Embora os EUA sejam o segundo maior parceiro comercial do Brasil, a nova tarifa torna as vendas para o mercado americano praticamente inviáveis em determinados setores, revelam autoridades consultadas pela nossa reportagem.

A estratégia do Brasil consiste em não apenas tentar substituir o mercado americano, considerado uma meta irrealista devido à grandeza das cadeias produtivas e ao volume de consumidores nos EUA, mas também em diversificar suas exportações para minimizar os impactos dessa nova realidade.

O Ministério da Agricultura e Pecuária já estava analisando alternativas antes do anúncio da tarifa, e agora essas iniciativas ganharam urgência e relevância. Entre os dez principais produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, três são do agronegócio: café, que ocupa o terceiro lugar, suco de frutas, especialmente de laranja, em sexto, e carne bovina, em sétimo.

Oportunidades no Mercado Britânico e Além

Uma das oportunidades identificadas pelo Brasil envolve o mercado britânico. Recentemente, o Reino Unido decidiu renovar a suspensão das tarifas sobre 96 produtos, incluindo o suco de laranja. Sem essa suspensão, a tarifa para os produtos brasileiros chegaria a 14%, o que dificultaria a competitividade em relação a países como Espanha, Grécia e Itália, que exportam para o Reino Unido sem encargos tributários. Com a isenção válida de 27 de abril de 2025 a 30 de junho de 2027, o suco de laranja brasileiro ganha um importante diferencial competitivo, conforme avaliou um especialista da área.

Além do suco, a carne bovina também é um foco na análise das novas oportunidades de mercado. Em junho, próximo ao anúncio de Trump, autoridades brasileiras já haviam destacado a possibilidade de expansão das exportações para a Arábia Saudita. Em 2024, a Arábia Saudita importou aproximadamente US$ 487 milhões em carne bovina desossada congelada, um segmento que tem mostrado crescimento contínuo desde 2020. Os principais fornecedores para este mercado são a Índia, que representou US$ 197 milhões, seguida pelo Brasil, com US$ 149 milhões, e a Austrália, com US$ 73 milhões.

O Brasil se destaca neste mercado por contar com 140 estabelecimentos aprovados pela autoridade sanitária local (SFDA), o que representa o maior número entre os exportadores. O governo brasileiro estima um potencial adicional de exportação para a Arábia Saudita que pode chegar a US$ 54 milhões por ano.

Mercados Emergentes para Café e Carne Bovina

Além da Arábia Saudita, países como Vietnã e Singapura também começam a aparecer como destinos promissores para a carne bovina brasileira. O Vietnã, por exemplo, abriu seu mercado para a carne bovina do Brasil em março, o que representa uma excelente oportunidade para o setor.

No que diz respeito ao café, as atenções se voltam para a China e a Índia, identificadas como mercados estratégicos. Embora o consumo de café não seja ainda um hábito enraizado nessas nações, a crescente demanda e a potencialidade do consumo tornam esses mercados interessantes para o Brasil. Assim, o país vê a chance de expandir suas exportações, mesmo diante de um cenário desafiador.

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