Era uma vez um morador da amazônia, observando, a partir de seu carrinho, o desolador cenário à beira da estrada Manaus-Manacapuru. Um esquadrão de bombeiros estava ali, perplexo, enquanto chamas irromperam da floresta tropical, que outrora era um símbolo de vida, agora se tornava um campo de incêndio inesperado. “Combustão espontânea?”, questionou um dos bombeiros. Outro, em tom de incredulidade, respondeu: “Isso só acontece em filmes!”. No entanto, a realidade era dura e alarmante; a floresta um dia considerada úmida estava ardendo em chamas, como se a própria natureza tivesse decidido incendiar seu próprio lar. Os bombeiros, em sua impotência, debateram a possibilidade de buscar auxílio das universidades. “Precisamos de especialistas científicos internacionais!”, exclama um deles. Um pesquisador que se aventurou em responder disse: “Se tivermos mais duas temporadas de verão assim, não sobrará floresta para estudarmos!”. O grupo, atônito, concordou coletivamente, resumindo a situação crítica que todos enfrentavam. Neste contexto, restava apenas a esperança, preces e até mesmo a evocação da Dança da Chuva, reminiscentes das tradições indígenas norte-americanas.

Entretanto, é importante descartar a antiga narrativa de que os nativos estejam provocando incêndios intencionalmente para desmatamento ou criação de campos para pastagem. A amazônia, outrora reverenciada pela umidade constante e uma biodiversidade ímpar, enfrenta um quadro devastador de seca crescente. As temperaturas aumentam sem piedade, e a escassez de chuvas está se tornando uma realidade alarmante. As majestosas árvores, que antes atuavam como sumidouros de carbono essenciais para o planeta, agora estão em situação vulnerável a incêndios cada vez mais frequentes. Embora muitos desses incêndios tenham origem em atividades humanas, a severidade das condições climáticas atuais os torna quase autoalimentares. A expressão “combustão espontânea”, embora figurativa, ressalta um grave alerta que os cientistas têm trazido à tona: a amazônia pode estar à beira de um colapso irreversível.

O esquadrão de bombeiros, situado bordeando a estrada, simboliza o nosso desespero e ineficácia frente a um fenômeno maior. Eles estão ali, mas a impotência predomina. Como combater chamas que parecem emergir da própria terra? No fundo, todos sabem que a resposta não reside apenas na água ou nas mangueiras, mas na colaboração efetiva com os cientistas e na necessidade urgente de uma ação internacional coordenada para identificar e mitigar as causas deste desastre ambiental.

O contexto atual da amazônia exige uma mobilização imediata e abrangente da comunidade científica global. É fundamental que os institutos de pesquisa se unam em um esforço conjunto. Devemos buscar soluções embasadas em ciência e tecnologia, o que só se tornará viável se universidades e centros de pesquisa do Brasil e do mundo cooperarem de forma estratégica. Instituições com grande poder de investigação, como as universidades federais e estaduais do Brasil, juntamente com centros internacionais de excelência, têm um papel crítico nesse movimento.

Os cientistas devem direcionar suas investigações para as mudanças climáticas que estão intensificando a seca na amazônia, além de ampliar o monitoramento sobre a utilização da terra. O desmatamento desenfreado, a transformação de áreas florestais em pastagens e a exploração ilegal de madeira são fatores que tornam a floresta ainda mais suscetível ao fogo. A realidade de vastas áreas desmatadas cria um efeito dominó, facilitando a propagação de incêndios que dizimam o que resta desse ecossistema vital. Se a tendência continuar, a amazônia pode não suportar mais dez verões rigorosos como os que vêm enfrentando. O programa “COMPANHEIROS DAS AMÉRICAS”, que une o estado do Amazonas e o Tennessee, poderia ser um modelo promissor de cooperação, possibilitando a troca de conhecimentos em barragens e agricultura de várzeas, onde o estado americano possui expertise reconhecida mundialmente.

Além da questão climática, a falta de fiscalização eficaz e políticas públicas robustas são obstáculos cruciais que favorecem a destruição da floresta. Em um cenário sem controle, os incêndios, sejam eles espontâneos ou não, continuarão a proliferar. Portanto, uma ação decisiva na criação de mecanismos preventivos e de educação ambiental para as comunidades locais e produtores rurais é essencial. Após tudo isso, é evidente que as universidades brasileiras, com suas amplas capacidades de pesquisa, são um recurso valioso nesse processo. Contudo, a assistência externa é igualmente necessária. Colaborações com instituições acadêmicas estrangeiras, especialmente aquelas que são especializadas em climatologia e biomas tropicais, podem trazer inovações e tecnologias essenciais para preservar a floresta. A cooperação internacional é vital, pois a amazônia é um patrimônio global.

Se não tomarmos medidas imediatas, a floresta amazônica poderá se transformar, em poucos anos, de um exuberante santuário verde em um deserto carbonizado. Pode parecer um enredo surreal, como um esquadrão de bombeiros impotente diante da “combustão espontânea” da floresta, mas não devemos ignorar os sinais de alerta que nos são apresentados pela natureza. Se ignorarmos a amazônia, ela pode, de fato, começar a “pegar fogo do nada”, e neste ponto, não haverá nem curupira, nem bombeiros, nem água, nem ciência capaz de reverter a devastação.

A floresta, que é a expressão da vida, clama por cuidados urgentes. Como sociedade, é nosso dever unir esforços para garantir que o futuro da amazônia não se converta em um triste relato de cinzas.

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