O censo Demográfico de 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou dados preocupantes sobre a taxa de analfabetismo no Brasil, especialmente entre praticantes de catolicismo e tradições indígenas. De acordo com os dados apresentados, a religião católica abriga 7,8% de analfabetos entre pessoas com 15 anos ou mais, enquanto essa taxa é alarmante entre os adeptos de tradições indígenas, cujo índice chega a expressivos 24,6%. Esse levantamento destaca a urgência de políticas públicas focadas na inclusão educacional.

A análise do IBGE sugere que a elevada taxa de analfabetismo entre os católicos pode estar ligada à idade média dos fiéis. A maioria dos católicos no Brasil possui mais de 60 anos, o que é significativo, já que no grupo etário de 80 anos ou mais, a adesão à fé católica atinge 72%. Em contrapartida, entre os adolescentes com idades entre 10 e 14 anos, essa prevalência é de apenas 52%. Esses dados indicam que o legado educacional e a falta de acesso a oportunidades de aprendizado no passado ainda impactam a educação das gerações mais velhas, reforçando a necessidade de estratégias focadas na alfabetização e na educação continuada para adultos.

No que diz respeito às tradições indígenas, a situação é igualmente crítica. Dentre os adeptos dessas práticas religiosas, 74,5% se autodeclaram como indígenas, um grupo que historicamente enfrenta significativas barreiras sociais e educacionais. As disparidades negras e indígenas revelam uma exclusão sistemática do sistema educacional formal, o que se reflete em dados alarmantes de analfabetismo. Essas comunidades merecem uma atenção redobrada, uma vez que a educação é um importante caminho para a superação de desigualdades sociais.

Em contraste, as religiões como o espiritismo e os cultos de matriz africana apresentam índices muito mais baixos de analfabetismo. O censo mostra que apenas 1% dos espíritas não sabe ler nem escrever, enquanto o índice entre umbandistas e candomblecistas é de apenas 2,4%. Essas diferenças notáveis podem ser atribuídas, em parte, ao perfil demográfico dos adeptos, já que entre os espíritas, 63,8% se identificam como brancos, e entre os seguidores das religiões africanas, essa faixa representa 42,7%.

A coleta de dados do censo 2022 foi realizada por meio de três métodos: entrevistas presenciais, por telefone e autopreenchimento pela internet. O questionário que abrange a questão religiosa foi aplicado a todos os indivíduos a partir de 10 anos. Contudo, para as populações indígenas, a formulação foi adaptada para capturar melhor as especificidades culturais e espirituais, refletindo uma abordagem mais inclusiva.

As entrevistas presenciais constituíram a maioria das respostas, representando 98,9% do total de 72.433.841 questionários. A análise das características demográficas e sociais dos lares brasileiros tem como data de referência a zero hora do dia 1º de agosto de 2022, o que possibilita uma visão atualizada do cenário religioso e socioeconômico no país.

Além disso, as desigualdades raciais e sociais em relação à religião são evidentes. Apesar da presença significativa de pardos em todas as tradições religiosas, a distribuição revela um quadro desigual. Os grupos que têm maior presença de brancos, como os espíritas, tendem a apresentar os melhores indicadores de qualidade de vida, incluindo elevadas taxas de escolaridade, baixíssimos índices de analfabetismo e acesso quase universal à internet em casa (96,6%). Por outro lado, tradições com maior proporção de pretos e indígenas frequentemente enfrentam desafios severos, incluindo formação educacional limitada, acesso restrito ao ensino superior e condições habitacionais precárias.

Essas disparidades tornam-se ainda mais evidentes ao analisar o nível de escolaridade dos grupos religiosos. Enquanto 48% dos espíritas possuem diploma de ensino superior – o maior percentual entre todas as religiosidades investigadas – as tradições indígenas apresentam uma realidade oposta, onde 53,6% dos adeptos têm até o ensino fundamental incompleto ou carecem de instrução formal. Diante desse cenário, é evidente que investimentos em educação e políticas de equidade racial e social são fundamentais para avançar rumo a um Brasil mais justo e igualitário.

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