Um Depoimento Revelador no STF

O general Mario Fernandes, em seu depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (24), esclareceu que foi o responsável pela elaboração do documento intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, que evocava a possibilidade de assassinato de figuras como o ministro Alexandre de Moraes e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Contudo, o general alegou que essa proposta não passava de um “pensamento digitalizado”.

Mario, que é réu em um caso que investiga uma suposta tentativa de golpe para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder, ressaltou ao juiz Rafael Henrique Tamai Rocha que o documento era, na verdade, “um compilado de dados e uma análise de riscos”. Ele afirmou: “Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Esse pensamento digitalizado não foi compartilhado com ninguém.”

O general ainda enfatizou que, se seu HD fosse examinado, isso não traria novas provas para o processo. “Esse arquivo é absolutamente descontextualizado”, assegurou. Além disso, expressou seu arrependimento por ter digitalizado tais reflexões, argumentando que não teve intenção de disseminar essa informação.

Réus do Núcleo 2 e suas Conexões

No mesmo processo, outras figuras importantes também estão sendo julgadas. Entre os réus do núcleo 2, encontram-se:

  • Silvinei Vasques – ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o governo Bolsonaro;
  • Fernando de Sousa Oliveira – ex-secretário-adjunto da Segurança Pública do DF;
  • Filipe Garcia Martins Pereira – ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência;
  • Marcelo Costa Câmara – coronel do Exército e ex-assessor de Bolsonaro;
  • Marília Ferreira de Alencar – delegada da Polícia Federal e ex-subsecretária de Segurança Pública do DF;
  • Mario Fernandes – general da reserva, frequentemente chamado de “kid preto”.

Os integrantes do núcleo 2 são acusados de utilizarem a máquina pública, incluindo a PRF, para dificultar o acesso dos eleitores aos locais de votação no segundo turno das eleições de 2022, principalmente nas regiões do Nordeste, um forte bastião eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva, adversário de Jair Bolsonaro na corrida presidencial.

De acordo com a Procuradoria Geral da República (PGR), Silvinei, Marília e Fernando foram os responsáveis pela coordenação do uso das forças policiais para sustentar a continuidade ilegítima de Bolsonaro no poder. A denúncia aponta que Mario Fernandes teve a responsabilidade de monitorar e neutralizar ações de autoridades públicas, em colaboração com Marcelo Câmara, além de manter um diálogo com líderes populares ligados ao evento de 8 de Janeiro.

Por outro lado, Filipe Martins era apontado como assistente de Bolsonaro em planos para decretar estado de sítio no país, o que adiciona outra camada de complexidade e gravidade às acusações.

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