Major da Reserva se Defende em Interrogatório

O major da reserva do Exército, Ângelo Martins Denicoli, optou por permanecer em silêncio durante seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), em um caso que investiga uma suposta tentativa de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder. Apesar de não responder a perguntas da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da juíza Luciana Yuki Fugishita, Denicoli fez questão de expressar os impactos negativos que o processo trouxe à sua vida, incluindo a perda do seu emprego.

A defesa de Denicoli anunciou sua decisão de não colaborar com as indagações, mas o militar se manifestou sobre sua situação. Ele esclareceu que se aposentou do Exército em 2013, sem mais vínculos com a corporação, e se declarou inocente em relação às acusações. “Nunca servi com nenhum deles [referindo-se a generais]. Desde que saí, migrei para o setor privado, onde atuo com consultoria e inteligência de negócios. Não sou qualificado para realizar auditoria de urna nem mencionei qualquer fraude”, afirmou atenciosamente.

O major continuou sua defesa destacando que nunca fez parte de qualquer organização criminosa. Ele expressou perplexidade quanto ao motivo pelo qual o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, o contatou sobre uma suposta tentativa de golpe. “Não sou Forças Especiais. Este processo trouxe consequências severas para minha família. Perdi meu emprego e minha esposa e filhos têm que enfrentar a lembrança de policiais invadindo nossa casa”, lamentou. Em sua fala, Denicoli deixou claro que a situação surgiu em função de uma reportagem irresponsável e de um contato que recebeu em janeiro, meses antes do desenrolar dos acontecimentos. “Talvez eu seja o azarado, o escolhido para isso”, completou.

Vale lembrar que Denicoli já ocupou um cargo de direção no Ministério da Saúde durante a gestão do general Eduardo Pazuello, durante a pandemia de covid-19. A PGR não apenas apresentou denúncias contra ele, mas a Polícia Federal também o indiciou no inquérito relacionado ao golpe, no final do ano passado.

Réus e Suas Acusações

No âmbito do projeto de golpe, outros réus estão envolvidos, incluindo:

  • Ailton Gonçalves Moraes Barros – major da reserva do Exército;
  • Ângelo Martins Denicoli – major da reserva do Exército;
  • Carlos Cesar Moretzsohn Rocha – engenheiro e presidente do Instituto Voto Legal;
  • Giancarlo Gomes Rodrigues – subtenente do Exército;
  • Guilherme Marques Almeida – tenente-coronel do Exército;
  • Reginaldo Vieira de Abreu – coronel do Exército;
  • Marcelo Araújo Bormevet – agente da Polícia Federal.

Segundo informações da PGR, esses réus atuaram em várias frentes estratégicas de desinformação, com a finalidade de minar a credibilidade nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral, além de pressionar as Forças Armadas a participarem do plano golpista. Eles enfrentam graves acusações, incluindo tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, e participação em organização criminosa armada, entre outros crimes.

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