Nesta sexta-feira, 30, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (ibge) divulga a taxa de desemprego referente ao trimestre que terminou em julho. As estimativas apontam que a desocupação pode ter permanecido próxima aos 6,9% divulgados no mês anterior, ou até abaixo desse número. Com um mercado de trabalho ainda aquecido, surge uma pergunta recorrente com cada nova divulgação de dados oficiais: o brasil realmente alcançou o chamado pleno emprego? Para responder a essa questão complexa, diferentes abordagens são adotadas, variando desde as perspectivas tradicionais da macroeconomia à análise socioeconômica mais abrangente. Para muitos, a definição de “pleno emprego” se refere a um estado em que todos os indivíduos dispostos e capazes de trabalhar estão efetivamente empregados e recebendo uma remuneração satisfatória. No entanto, segundo economistas consultados, entender qual é o nível ideal de emprego atinge uma profundidade conceitual que vai além do óbvio. Essa discussão é ainda mais complicada pelas disparidades que existem entre diferentes países, levando em consideração fatores como o nível de renda e o estágio de desenvolvimento econômico, além das rápidas mudanças nos perfis de trabalho. No âmbito acadêmico, a concepção de pleno emprego é associada a um equilíbrio entre oferta e demanda no mercado de trabalho, resultando em um aumento dos salários que se alinha a uma inflação controlada e estável ao longo do tempo. Embora essa ideia pareça simples, suas nuances tornam a análise mais complexa. Como observa um especialista em economia, a realidade brasileira se distingue de economias maduras como a dos Estados Unidos e da Europa. O atual cenário poderá gerar pressões em setores que demandam mão de obra qualificada, especialmente nos serviços, levando as empresas a aumentar os salários para manter a competitividade, o que pode, por sua vez, desencadear um processo inflacionário. Outro aspecto que evidencia a distância do brasil em relação ao pleno emprego é a significativa quantidade de trabalhadores em postos informais, que pode chegar a quase 30% da força de trabalho. Essa situação dá origem ao que se denomina desemprego disfarçado, onde muitos exercem funções que apresentam baixa produtividade. A soma dos informais com os desempregados aproxima-se de 37% da População Economicamente Ativa, destacando os desafios que o país ainda enfrenta. No entanto, analisando de uma perspectiva técnica, é inegável que o brasil apresenta uma taxa de desemprego abaixo do nível considerado neutro, também conhecido como taxa de desemprego natural, a qual não promove uma aceleração na inflação. Esse conceito conhecido como NAIRU (taxa de desemprego que não acelera a inflação) é fundamental neste debate. A equipe de análise de uma relevante instituição financeira sugere que não há ociosidade no mercado de trabalho brasileiro; ao contrário, o cenário atual é de um mercado apertado, com projeções para a taxa de desemprego de longo prazo situadas entre 7,5% e 8%. Adicionalmente, economistas ressaltam que, embora o conceito de pleno emprego possa ser mais fácil de delinear, sua quantificação prática é mais desafiadora. Por exemplo, nos Estados Unidos, o pleno emprego é interpretado como uma taxa entre 4% e 5%. Já no brasil, um contexto mais admissível estaria entre 6% e 7%, dependendo de um conjunto de fatores que englobam a produtividade e as características específicas de setores como a indústria e a agricultura. Na contabilidade da força de trabalho, é preciso considerar tanto os recém-formados que buscam entrar no mercado – que representa cerca de 7 milhões de pessoas – quanto os trabalhadores que estão em transição de empregos, somando aproximadamente 5 milhões. Apesar do cenário de recuperação no mercado de trabalho, a renda média no país ainda é bastante baixa, com valores em torno de R$ 3 mil mensais. Por fim, a busca por um equilíbrio que busque viabilizar o crescimento econômico, juntamente com aumentos de renda e eficiência produtiva, sem gerar riscos inflacionários, revela-se um desafio multifacetado. A solução para este dilema envolve diversas variáveis que incluem a implementação de reformas estruturais e melhorias na educação, essenciais para que o brasil possa absorver um expressivo número de trabalhadores informais. O cenário apresentado denota tanto as oportunidades quanto os desafios que o país precisará enfrentar para progredir em direção ao pleno emprego
Share.
Leave A Reply

Exit mobile version