O presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), conhecido como Milton Baptista de Souza ou Milton Cavalo, está no centro de uma polêmica envolvendo a construção de uma mansão com piscina em meio ao crescimento significativo das receitas da entidade, oriundas de descontos aplicados aos aposentados do inss. Essa situação se desenrola em um contexto onde o Sindnapi, vinculado à central Força Sindical, tem como vice-presidente o sindicalista José Ferreira da Silva, mais conhecido como Frei Chico, que, aos 83 anos, é irmão do atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT).
A propriedade de Milton Cavalo, localizada em Ibiúna, São Paulo, no bairro Votorantim, era anteriormente parte de um loteamento conhecido como “Loteamento dos Pintos”. Segundo registros da Receita Federal, o terreno é registrado como sede de uma empresa de “criação de equinos”, cujo nome é associado a Milton desde maio de 2011. Imagens de satélite revelam que a construção da mansão, que ocupa uma área de 360 metros quadrados, começou entre maio de 2021 e maio de 2023. A piscina, com 50 metros quadrados, está visivelmente em construção durante o mesmo período e, nas últimas imagens disponíveis, datadas de 30 de abril de 2024, já aparece finalizada. O jornalista Cláudio Dantas foi responsável por expor essa construção na mídia.
O crescimento das receitas do Sindnapi coincide com a construção da nova sede do sítio, em um episódio que ficou conhecido como a “Farra do inss“. Os dados mostram que, em 2020, os repasses ao Sindnapi totalizavam R$ 23,2 milhões, mas entre 2021 e 2023, esse valor saltou de R$ 41 milhões para impressionantes R$ 149 milhões, representando um aumento de 263%. No ano de 2024, a entidade arrecadou R$ 154 milhões. Essa ascensão financeira da entidade sindical, que defende os direitos dos aposentados, gerou debates sobre a relação entre suas receitas e as propriedades de seus líderes.
Até agosto de 2023, Milton Cavalo ocupava o cargo de vice-presidente do Sindnapi e assumiu a presidência após o falecimento de João Batista Inocentini, conhecido como “João Feio”. Em respostas a questionamentos da mídia, Cavalo afirmou que o sítio foi adquirido em 2010 e que todas as melhorias realizadas foram feitas com recursos próprios, fruto do trabalho de sua família, desassociando essas ações da arrecadação do Sindnapi. Ele destacou que a propriedade possui cerca de 15 estábulos alugados a terceiros, enfatizando que sua atuação ali se limita à guarda dos animais, sem envolvimento em atividades como criação, treinamento ou competições.
Entretanto, a questão sobre a titularidade da propriedade permanece em aberto. O Cartório de Registro de Imóveis de Ibiúna não apresenta o sítio registrado em nome de Milton Cavalo ou de sua esposa, a designer de interiores Daugliesi Giacomasi Souza, o que levanta dúvidas sobre a transparência da situação. Embora o Sindnapi tenha confirmado que a propriedade pertence a Milton, não foi fornecida uma explicação clara sobre a titularidade legal do imóvel.
Milton Cavalo, ao ser questionado, optou por não divulgar informações sobre a titularidade do sítio, argumentando que questões pessoais não deveriam ser usadas para prejudicar sua imagem como líder sindical. Ele defende a integridade do trabalho realizado pelo Sindnapi ao longo de seus 25 anos de existência, ressaltando os benefícios entregues aos associados. A resposta da entidade à mídia incluiu uma solicitação para que o jornalista visitasse a sede do Sindnapi e conhecesse os serviços prestados, reforçando a ideia de que a integridade da diretoria é confiável entre os milhares de associados que apoiam seu trabalho.
A situação envolvendo Milton Cavalo e o Sindnapi continua a ser observada de perto, com a atenção do público voltada para a transparência nas finanças da entidade e as implicações das construções associadas à sua liderança. A narrativa sobre o crescimento das receitas do Sindnapi e a construção da mansão de Milton Cavalo se entrelaçam em um cenário de crescente preocupação pública sobre a gestão de recursos destinados a aposentados e pensionistas no Brasil.