O presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), Milton Baptista de Souza, também conhecido como Milton Cavalo, se destacou recentemente por ter construído uma luxuosa mansão com piscina enquanto a entidade que lidera expandia significativamente seus ganhos a partir de descontos aplicados a aposentados do inss. Essa relação entre o crescimento financeiro do Sindnapi e as aquisições pessoais de Milton levanta questões sobre a transparência e a ética nas ações do líder sindical.

O Sindnapi é vinculado à central Força Sindical, que conta com representantes do partido Solidariedade em sua diretoria. O vice-presidente da entidade, José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, é uma figura relevante no cenário político, sendo irmão mais velho do atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Essa conexão familiar adiciona uma camada de complexidade às questões que envolvem o sindicato e suas atividades.

A propriedade de Milton Cavalo, localizada em Ibiúna, são paulo, no bairro Votorantim, é uma ampla chácara que outrora era denominada “Loteamento dos Pintos”. De acordo com registros na Receita Federal, essa propriedade é oficializada como a sede de uma empresa de “criação de equinos”, registrada em nome de Milton desde maio de 2011. Imagens de satélite revelam que a construção da mansão, que abrange 360 metros quadrados, ocorreu entre maio de 2021 e maio de 2023, com a piscina, com área de 50 metros quadrados, sendo finalizada na mesma época.

A relação entre a construção do sítio e o aumento dos recursos financeiros do Sindnapi não passa despercebida. O episódio, que se popularizou como “Farra do inss”, foi amplamente reportado pelo Portal Metrópoles, que destacou um crescimento substancial nos pagamentos recebidos pela entidade. Em 2020, o Sindnapi arrecadou R$ 23,2 milhões, mas esse valor saltou para impressionantes R$ 149 milhões entre 2021 e 2023, representando um aumento de 263%. Em 2024, a arrecadação da entidade atingiu R$ 154 milhões, demonstrando um crescimento contínuo e robusto.

Antes de agosto de 2023, Milton Cavalo ocupava o cargo de vice-presidente do Sindnapi e assumiu a presidência após o falecimento de João Batista Inocentini, conhecido como “João Feio”. Em resposta a questionamentos sobre a origem dos recursos que possibilitaram a aquisição do sítio e a construção da casa, Cavalo, por meio de sua assessoria, afirmou que a propriedade foi comprada em 2010 e que todas as melhorias foram realizadas com recursos próprios, resultado do trabalho de sua família, sem relação com a arrecadação do sindicato.

Cavalo também destacou que a chácara abriga cerca de 15 estábulos, os quais são alugados a terceiros que possuem cavalos, e que sua função se limita à guarda desses animais. Ele enfatizou que não há criação de cavalos, treinamento de profissionais ou promoção de competições, caracterizando a atividade como de pequeno porte e voltada para o aproveitamento das instalações.

Embora o Sindnapi tenha confirmado que a propriedade pertence a Milton Cavalo, não se sabe a quem está registrada oficialmente. A falta de registro da propriedade em nome de Cavalo ou de sua esposa, a designer de interiores Daugliesi Giacomasi Souza, levanta ainda mais questionamentos sobre a transparência da gestão do sindicato. Quando instado a informar em nome de quem o sítio está registrado, Milton Cavalo optou por não revelar, defendendo sua privacidade e destacando que questões pessoais não têm relevância editorial.

A situação em torno do Sindnapi e de sua liderança ilustra um dilema importante no contexto sindical brasileiro, onde a relação entre interesses pessoais e a administração de entidades representativas pode gerar desconfiança e controvérsias. A história de Milton Cavalo e sua chácara em Ibiúna serve como um exemplo da necessidade de maior transparência e responsabilidade na gestão de sindicatos, especialmente quando o bem-estar de aposentados e pensionistas está em jogo. O futuro do Sindnapi e sua capacidade de continuar a oferecer benefícios aos associados pode depender da habilidade de seus líderes em manter a confiança pública e demonstrar que suas ações são sempre em prol dos interesses dos aposentados que representam.

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