O deputado federal Antonio Doido, representante do MDB no Pará, foi eleito em 2022 com a expressiva marca de 126.535 votos. Contudo, sua trajetória política atual está sendo obscurecida por sérias investigações conduzidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Os desdobramentos mais recentes apontam que o parlamentar é investigado após a prisão de dois de seus aliados, que foram detidos ao tentarem realizar saques milionários, levantando suspeitas preocupantes sobre a origem desses recursos.

As investigações indicam que os valores envolvidos podem estar relacionados a desvios de verba pública, supostamente utilizados para a compra de votos durante o período eleitoral, além de práticas de corrupção que comprometem a integridade de agentes públicos. Essa situação levanta questões alarmantes sobre a ética e a legalidade das campanhas eleitorais em curso no país.

Antes de assumir seu cargo como deputado, Antonio Doido exerceu a função de prefeito na cidade de São Miguel do Guamá, no estado do Pará, entre os anos de 2017 e 2020. Em 2020, ele tentou a reeleição, mas não obteve sucesso. Mais recentemente, nas eleições municipais de 2024, o deputado almejou o cargo de prefeito em Ananindeua, mas também não conseguiu vencer a disputa, tendo declarado, na ocasião, um patrimônio total estimado em R$ 2,5 milhões.

Durante o período eleitoral, Antonio Doido também passou a ser alvo de investigações da Polícia Federal. No dia 4 de outubro, dois dias antes do primeiro turno das eleições, Francisco Galhardo, um policial militar ligado a Doido, foi preso após tentar sacar a considerável quantia de R$ 5 milhões em uma instituição financeira. Esse episódio gerou um intenso escrutínio sobre as atividades do deputado e suas associações.

Poucos meses após essa prisão, em janeiro de 2025, um assessor próximo ao deputado também foi detido ao realizar um saque de R$ 1,1 milhão, o que aprofundou as suspeitas em torno da conduta de Antonio Doido. Diante das evidências, a Procuradoria-Geral da República requereu ao Supremo Tribunal Federal a unificação das investigações relacionadas a esses casos, considerando as informações reveladas após a detenção do policial Francisco Galhardo.

Um relatório elaborado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (coaf) trouxe à tona dados que alarmaram os investigadores. Entre meados de 2023 e 2024, Galhardo teria realizado pelo menos 15 saques, totalizando a impressionante quantia de R$ 48,8 milhões. A PGR acredita que esses valores possam ser de propriedade de Antonio Doido e utilizados em práticas de corrupção, bem como para a compra de votos, o que configura uma ameaça ao sistema democrático.

As investigações revelaram indícios alarmantes de “crimes possivelmente associados ao exercício do mandato de deputado federal”. Isso inclui a suspeita de desvio de recursos oriundos de contratos públicos e a subsequente lavagem desses valores, além do surgimento de indícios sobre práticas relacionadas a crimes eleitorais e transgressões ao sistema financeiro nacional.

Essas revelações geraram um pedido da PGR ao STF para ampliar o escopo das investigações, que inicialmente focava apenas na possível compra de votos e outras infrações eleitorais. Informações obtidas pela Polícia Federal reforçaram a tese de que o grupo de Antonio Doido estaria utilizando um complexo esquema para a lavagem de recursos financeiros, provenientes de desvios de dinheiro público, incluindo o pagamento de vantagens indevidas a servidores.

Essa rede de corrupção implicaria diretamente em ações que minam a confiança pública nas instituições democráticas, tão essenciais à governança do país. Os indícios levantados incluem dados coletados pela PF nos aparelhos celulares de Francisco Galhardo e de outros dois presos na investigação.

Em resposta a essas acusações, a defesa do deputado Antonio Doido se manifestou, repudiando o que considera vazamento de informações sigilosas das investigações em curso no Supremo Tribunal Federal. Segundo a nota emitida, o deputado se colocou à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários e afirmou ter convicção de que seus atos no mandato foram realizados em conformidade com a lei, apresentando-se como um cidadão inocente diante das acusações que o cercam.

A continuidade dessas investigações e a eventual necessidade de novas provas exigem atenção redobrada da sociedade, uma vez que a responsabilidade e a transparência na política são pilares fundamentais para o funcionamento do sistema democrático. A população espera um desfecho que assegure a justiça e o respeito às normas que regem a convivência social e política.

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