Disputa de Informações e Questões Humanitárias

O governo de Israel fez declarações recentes, neste domingo (17), a respeito da morte de Marah Abu Zuhri, uma jovem palestina de apenas 20 anos, que faleceu em um hospital na Itália, logo após ser retirada da Faixa de Gaza. Segundo as autoridades israelenses, Marah sofria de leucemia, uma afirmação que entra em conflito com o que foi relatado pela médica italiana responsável por seu tratamento, que no sábado (16) havia informado que exames realizados descartaram essa condição.

O órgão israelense Cogat, responsável por coordenar as atividades do governo em território palestino, afirmou: “Marah Abu Zuhri, de 20 anos, tinha leucemia. Este é um fato que não foi mencionado nos relatos.” Além disso, o Cogat destacou que as autoridades italianas solicitaram a evacuação de Marah devido a sua condição de saúde e que Israel permitiu a transferência. O governo israelense alegou que a evacuação poderia ter ocorrido antes, pois foram apresentadas várias datas para o procedimento.

Marah chegou a Roma na madrugada de 14 de agosto, acompanhada de sua mãe, apresentando sinais de desnutrição severa. Imediatamente, foi transferida para o Hospital Cisanello, localizado em Pisa, onde, infelizmente, faleceu cerca de 24 horas após a chegada.

A diretora da unidade de hematologia da Agência Hospitalar Universitária de Pisa, Sara Galimberti, revelou que a jovem chegou à instituição com suspeita inicial de uma forma aguda e grave de leucemia, mas, após análises detalhadas, essa hipótese foi refutada. Os médicos até iniciaram um tratamento específico, mas interromperam ao obterem os resultados da citometria de fluxo molecular, um método utilizado para diagnosticar a doença.

“A paciente estava em um estado de saúde muito debilitado, completamente acamada, por um período significativo”, afirmou Galimberti. Ela ainda levantou a possibilidade de que Marah pudesse ter uma “doença subjacente, que não foi diagnosticada ou foi diagnosticada erroneamente”. A jovem apresentava parâmetros de coagulação alterados, além de níveis muito baixos de proteínas, levando os médicos a consultar um nutricionista e iniciar uma dieta hipercalórica. No entanto, essa intervenção não foi suficiente para salvá-la, e Marah faleceu na tarde de 15 de agosto devido a uma crise respiratória aguda que culminou em parada cardíaca.

A situação em Gaza se agrava continuamente devido ao bloqueio imposto por Israel, que tem severamente limitado a entrada de ajuda humanitária, resultando em uma crise alimentar alarmante. De acordo com a ONU, a fome está prestes a afetar 100% da população da região. Desde o final de maio, a distribuição da ajuda humanitária tem sido gerida exclusivamente pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), uma entidade dirigida por um pastor americano com laços ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump.

Nos últimos meses, as Nações Unidas registraram a morte de mais de 1,7 mil palestinos enquanto tentavam acessar alimentos no enclave, com muitos desses óbitos ocorrendo nas proximidades dos pontos de distribuição da GHF. Diante da pressão internacional, Israel começou a permitir o envio de ajuda aérea por alguns países, um método que, segundo agências humanitárias, é considerado caro, ineficiente e arriscado. No entanto, o governo israelense afirmou ter aumentado o volume de caminhões de alimentos que atravessam a fronteira.

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