Medidas de Segurança Antecipam Deslocamento de Moradores
A partir do próximo domingo (17), moradores da Faixa de Gaza receberão tendas e outros suprimentos de abrigo, conforme anunciado pelo exército israelense no último sábado (16). Esta realocação visa mover civis das áreas de combate para o sul do território, com o objetivo de “garantir a segurança deles”. Essa iniciativa surge poucos dias após o governo israelense manifestar a intenção de lançar uma nova ofensiva para tomar o controle do norte da Cidade de Gaza, principal centro urbano do enclave, onde residem cerca de 2,2 milhões de pessoas.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou no último domingo (10) que a população civil será direcionada para o que ele designou como “zonas seguras” na Cidade de Gaza, que seriam consideradas o último reduto do Hamas. O exército israelense informou que os suprimentos de abrigo, que incluem tendas, serão enviados pelo cruzamento de Kerem Shalom, sob a supervisão da Organização das Nações Unidas e outras organizações humanitárias, após vistoria pela equipe do ministério da Defesa.
Um porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários expressou preocupação em relação aos planos de Israel para a realocação, afirmando que essa ação pode intensificar o sofrimento da população. No entanto, o porta-voz também reconheceu a necessidade urgente de abrigo, salientando que a ONU e seus parceiros estão prontos para aproveitar a oportunidade proporcionada pela chegada de novos suprimentos a Gaza.
A ONU alertou na última quinta-feira (14) que milhares de famílias, já vivendo em condições precárias, podem sofrer ainda mais se o plano de realocação avançar. Autoridades palestinas e representantes da ONU enfatizam que não existem áreas seguras dentro do enclave, incluindo as zonas designadas no sul de Gaza, para onde os moradores devem ser deslocados.
Intensificação dos Conflitos e Reações Internacionais
O exército israelense não comentou sobre se os suprimentos de abrigo seriam destinados exclusivamente à população da Cidade de Gaza, atualmente estimada em cerca de um milhão de pessoas, nem se o local para a realocação seria a região de Rafah, que faz fronteira com o Egito. O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou no último sábado que os detalhes da nova ofensiva ainda estão sendo planejados.
A facção militante palestina Jihad Islâmica, aliada ao Hamas, criticou o anúncio do exército israelense, afirmando que é uma violação flagrante das convenções internacionais e parte do ataque brutal para ocupar a Cidade de Gaza.
Enquanto isso, as forças israelenses intensificaram suas operações nas proximidades da Cidade de Gaza na última semana. Residentes dos bairros de Zeitoun e Shejaia relataram um aumento considerável no uso de recursos militares, como ataques aéreos e bombardeios, resultando em explosões constantes em suas áreas, enquanto os tanques israelenses atacavam casas nas partes orientais.
Na última sexta-feira (15), o exército israelense anunciou o início de uma operação em Zeitoun com o objetivo de localizar explosivos, destruir túneis e neutralizar militantes na região.
Contexto do Conflito na Faixa de Gaza
A guerra na Faixa de Gaza teve início em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou um ataque terrorista contra Israel, resultando na morte de aproximadamente 1.200 pessoas e no sequestro de 251 reféns naquele dia. Em resposta, Israel iniciou uma grande ofensiva, envolvendo bombardeios aéreos e operações terrestres para tentar recuperar os reféns e desmantelar a liderança do Hamas.
O conflito gerou uma devastação sem precedentes na Faixa de Gaza, deslocando cerca de 1,9 milhão de pessoas, mais de 80% da população total, conforme dados da UNRWA (Agência da ONU para Refugiados Palestinos). Desde o início das hostilidades, o Ministério da Saúde de Gaza reportou a morte de pelo menos 61 mil palestinos, embora a contagem não diferencie entre civis e combatentes. Israel sustenta que pelo menos 20 mil dos mortos são militantes do Hamas.
Alguns reféns foram recuperados por meio de acordos de cessar-fogo, enquanto outros foram libertados em operações militares. Estima-se que cerca de 50 reféns ainda estejam em Gaza, com aproximadamente 20 deles possivelmente vivos. À medida que o conflito avança, a situação humanitária na Faixa de Gaza se deteriora a cada dia. A ONU relata que mais de mil pessoas morreram tentando acessar alimentos desde maio, quando Israel alterou seu sistema de distribuição de suprimentos na região.