Críticas Ao Federal Reserve e Dados de emprego
Nesta sexta-feira, 5 de setembro, Donald Trump voltou a direcionar críticas incisivas ao presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. O motivo? A divulgação dos dados de criação de empregos nos Estados Unidos em agosto, que ficou abaixo das expectativas. O indicador conhecido como ‘payroll’, que mede a evolução do emprego fora do setor agrícola, revelou a adição de apenas 22 mil novas vagas no último mês, um número significativamente inferior à projeção do mercado, que esperava cerca de 75 mil postos.
Esse resultado representa o quarto mês consecutivo em que a criação de empregos não ultrapassa a marca de 100 mil. Este cenário é o mais fraco registrado no mercado de trabalho dos EUA desde o início da pandemia de Covid-19. Vale destacar que a taxa de desemprego atingiu 4,3% em agosto, enquanto em julho o ‘payroll’ indicou a abertura de 79 mil vagas, revisado para baixo, com uma taxa de desemprego de 4,2%.
Impacto na Política Monetária do Fed
A saúde do mercado de trabalho é um dos fatores prioritários que o Fed considera ao definir a taxa de juros, que busca esfriar a demanda e, assim, combater a inflação. A preocupação de analistas era que um aumento na geração de empregos pudesse forçar o Fed a endurecer sua política monetária. Nesse sentido, os dados mais fracos do ‘payroll’ podem ser interpretados como um sinal positivo, pois indicam uma maior possibilidade de redução das taxas de juros, apesar das preocupações com uma possível retração excessiva da economia americana.
Em sua mensagem na plataforma Truth Social, Trump não hesitou em criticar Powell, chamando-o de “Jerome ‘Tarde Demais’ Powell”, e acrescentou: “Ele deveria ter reduzido os juros há muito tempo. Como sempre, ele está atrasado demais.” Essas palavras refletem o descontentamento do ex-presidente com a condução da política monetária pelo Fed.
Expectativas de Corte de juros no Mercado
A divulgação do ‘payroll’ provocou uma onda de apostas no mercado sobre possíveis cortes nas taxas de juros já na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), que ocorrerá nos dias 16 e 17 de setembro. De acordo com a plataforma FedWatch, do CME Group, a expectativa de um corte já na próxima reunião é de 100%. Por volta das 12h30 (horário de Brasília), 86% dos investidores apostavam em uma redução de 0,25 ponto percentual, enquanto 14% acreditavam em um corte mais agressivo, de 0,5 ponto percentual.
Atualmente, a taxa de juros nos Estados Unidos varia entre 4,25% e 4,5% ao ano. A maior parte dos analistas já prevê o início do ciclo de cortes nas taxas na próxima reunião da autoridade monetária. O controle da inflação é a principal função que os bancos centrais buscam através da manipulação das taxas de juros. Em julho, a inflação anual nos EUA foi de 2,7%, enquanto, na comparação mensal, o índice foi de 0,2%. A meta de inflação do país é de 2% ao ano, embora atualmente esteja ligeiramente acima, mantendo-se abaixo de 3% desde julho de 2024.
Críticas e Expectativas sobre Jerome Powell
Desde que Trump retomou a presidência em janeiro deste ano, os juros não sofreram cortes, uma situação que é alvo constante de suas críticas a Powell. O republicano, que está em confronto aberto com o Fed, já expressou publicamente seu descontentamento com a gestão de Powell, cujo mandato está programado para terminar em maio de 2026. Cabe ao presidente indicar um sucessor para a liderança do Fed.
Além da fala de Trump, o diretor do Conselho Econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, também comentou sobre os dados do mercado de trabalho. Em entrevista à CNBC, Hassett manifestou que esperava que o Banco Central dos EUA discutisse um corte de juros mais acentuado do que o previsto em sua próxima reunião. Ele admitiu estar “um pouco decepcionado” com os números do emprego em agosto, refletindo uma apreensão crescente sobre a saúde econômica do país.