Análise do Impacto do Tarifaço

O tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros teve um impacto negativo na balança comercial em agosto. No entanto, segundo a análise do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), divulgada nesta quinta-feira (18) pela Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), esse efeito deve se atenuar nos próximos meses.

Os dados revelam que, ao longo do período, houve uma compensação nas exportações, com produtos que antes eram direcionados aos Estados Unidos sendo redirecionados para outros mercados. Além disso, a expectativa é de que o nível de trocas comerciais se normalize, abrindo espaço para novas negociações entre Brasil e EUA.

“Na análise dos produtos que não foram isentos, detectou-se que em muitos casos houve uma queda nas exportações para os Estados Unidos, enquanto as vendas para o restante do mundo aumentaram”, destacou o relatório do Icomex.

Previsões para a Balança Comercial Brasileira

A FGV manteve sua previsão de que a balança comercial do Brasil deve encerrar 2025 com um superávit entre US$ 62 bilhões e US$ 65 bilhões. No entanto, o desempenho das trocas comerciais do Brasil com os Estados Unidos apresentou piora, resultando em um déficit de US$ 3,4 bilhões.

“O tarifaço de Trump direcionado ao Brasil se baseia essencialmente em questões políticas, o que abre uma pequena possibilidade de negociação”, ponderou a FGV. Em agosto de 2025, comparado ao mesmo mês de 2024, quando as tarifas começaram a vigorar, as exportações brasileiras para os Estados Unidos caíram 15,4%. Em contrapartida, as vendas para a China aumentaram 34,6% e para a Argentina, 45,7%.

Além disso, o documento ressalta que as manufaturas, geralmente consideradas difíceis de diversificar, estão encontrando alternativas para compensar as perdas nas vendas para os Estados Unidos. Muitas indústrias brasileiras são de multinacionais, o que possibilita a implementação de estratégias de diversificação.

Expectativas Futuras e Riscos Potenciais

Agora, conforme a FGV, é necessária uma observação cuidadosa para entender se a retração em agosto se deve a uma antecipação de alguns segmentos e produtos ou se se tornará uma tendência de queda nas exportações para os Estados Unidos. Apesar dos desafios, a análise acredita que uma recuperação e estabilidade nas exportações são esperadas.

A balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 6,1 bilhões em agosto de 2025, um aumento em relação aos US$ 4,5 bilhões do mesmo mês em 2024. No acumulado de janeiro a agosto, o superávit foi de US$ 42,8 bilhões em 2025, em comparação a US$ 53,6 bilhões no ano anterior.

“As perspectivas para os próximos meses, caso não haja novas surpresas do governo Trump, indicam uma possível desaceleração no crescimento das exportações e importações”, alertou a FGV, que também mencionou a possibilidade de novas tarifas, mas apenas para o final do ano.

O esforço em diversificar o mercado continua sendo uma prioridade e as negociações de caráter técnico devem ser mantidas. Por fim, a FGV concluiu que o risco de um aumento na vulnerabilidade externa, via conta corrente, parece improvável, dada a manutenção da taxa de juros do Brasil, a queda da taxa de juros nos Estados Unidos e as perspectivas otimistas para a entrada de capital estrangeiro.

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