Estabilidade do dólar e Efeitos do tarifaço

Nesta quarta-feira (6 de agosto), o dólar apresentava uma leve estabilidade, em um momento marcado pelo denominado ‘dia D’ do tarifaço comercial imposto pelo governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Donald Trump. Essa medida afeta diretamente a importação de diversos produtos brasileiros, que enfrentam uma tarifa de até 50%.

O Brasil, em especial, é o país mais atingido por essa decisão, que, segundo o governo brasileiro, possui também um viés político. A justificativa de Trump para a imposição das tarifas está relacionada a uma suposta ‘caça às bruxas’ contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que atualmente enfrenta acusações de complô golpista. O cenário político se complica ainda mais com o julgamento de Bolsonaro e outros réus no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as alegações de tentativa de golpe de Estado.

Números do dólar e do Ibovespa

Às 9h10, a moeda norte-americana apresentava um leve acréscimo de 0,03%, sendo comercializada a R$ 5,508. No fechamento do dia anterior, o dólar havia encerrado o dia praticamente estável, com uma diminuição de apenas 0,01%, sendo cotado a R$ 5,506.

Com esses números, o dólar já acumula uma desvalorização de aproximadamente 1,69% em agosto, enquanto que, em relação ao real, apresenta uma valorização de cerca de 10,9% desde o início de 2025.

As negociações da Bolsa de Valores do Brasil, o Ibovespa, começam às 10h. Na véspera, o índice registrou uma leve alta de 0,14%, atingindo 133,1 mil pontos. Ao longo do mês, a Bolsa acumula uma pequena valorização de 0,06% e ganhos expressivos de 10,7% no ano.

tarifaço e Suas Consequências

As novas tarifas do governo dos EUA sobre produtos brasileiros começaram a vigorar nesta quarta-feira. Com isso, a alíquota de importação foi elevada para 50% sobre várias exportações do Brasil, conforme uma ordem executiva assinada no final de julho. Nela, o governo americano classifica o Brasil como um risco à segurança nacional e justifica a implementação das tarifas mais altas.

Essa taxa inclui uma sobretaxa de 40% aplicada aos atuais 10% que já eram cobrados, dentro do que a administração Trump definiu como ‘ajuste recíproco’ em relação às tarifas aplicadas a seus principais parceiros comerciais. O Brasil levou o maior impacto com essa nova política tarifária.

A medida é respaldada pela Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, de 1977, que declara uma nova emergência nacional focada especificamente no Brasil.

Na balança comercial, motores, máquinas, combustíveis e aeronaves figuram entre os principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA. Em 2024, o Brasil adquiriu US$ 40,6 bilhões em produtos norte-americanos, enquanto exportou cerca de US$ 40,4 bilhões, resultando em um déficit de US$ 200 milhões.

Exceções e Impacto Econômico

Dentre os bens importados, 15,2% referem-se à compra de motores e máquinas não elétricos, enquanto combustíveis e aeronaves correspondem a 9,7% e 4,9%, respectivamente. Apesar das novas tarifas, a lista divulgada pela Casa Branca também incluiu uma série de produtos que não serão afetados pelas taxas, como suco e polpa de laranja, minérios de ferro e componentes de aeronaves civis, que são de interesse da Embraer.

Por outro lado, itens como café, carne e frutas, que são bastante demandados no mercado americano, não estão contemplados nas isenções, levantando preocupações sobre os impactos negativos para os exportadores brasileiros desses produtos.

Plano de Contingência do Governo Brasileiro

Em resposta às novas tarifas impostas pelos EUA, o governo brasileiro anunciou a elaboração de um plano de contingência para minimizar os efeitos econômicos adversos. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) revelou que as medidas levarão em consideração as particularidades de cada setor afetado.

Na terça-feira (5 de agosto), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) finalizou os detalhes do plano de assistência aos setores mais prejudicados. Alckmin destacou que o plano incluirá linhas de crédito e compras governamentais, enfatizando a personalização das medidas, que visam atender às necessidades específicas das indústrias impactadas.

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