Fatores que impactam o mercado brasileiro

Na última quinta-feira, dia 31 de julho, os mercados de câmbio e capitais no Brasil enfrentaram um dia negativo. O dólar teve uma alta de 0,19%, sendo cotado a R$ 5,60, enquanto o Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), encerrou o dia em queda de 0,69%, fechando aos 133.071 pontos.

Analistas do mercado apontam que diversos fatores influenciaram esses resultados. Entre eles, destacam-se a ressaca do tarifaço, que foi detalhado um dia antes, e uma pesquisa realizada pela AtlasIntel em parceria com a Bloomberg. Nesse levantamento, pela primeira vez desde 2024, o índice de aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) superou o índice de desaprovação.

Josias Bento, especialista em investimentos e sócio da GT Capital, ressalta que o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, juntamente com as sanções direcionadas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), continuam a provocar reações significativas no mercado brasileiro. Segundo Bento, “essas taxações e a tensão diplomática entre os EUA e o Brasil, após a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes, criam um ambiente de insegurança jurídica”.

O especialista complementa que a recuperação da popularidade do presidente Lula, evidenciada pela pesquisa, não é vista com bons olhos pelo mercado financeiro, que tende a reagir com cautela a esse cenário.

Cenário de precaução no mercado

Bruno Shahini, também especialista em investimentos na Nomad, compartilha uma análise semelhante. Para ele, a tensão política, advinda das sanções americanas, e a percepção de risco institucional, contribuem para um ambiente de maior cautela, levando à saída de ativos de risco no país. “O contexto é ainda mais complicado devido à incerteza causada pelo tarifaço americano, mesmo que alguns itens da pauta exportadora brasileira estejam isentos”, afirma.

Shahini explica que o mercado permanece em posição defensiva, refletindo essa incerteza, o que consequentemente exerceu pressão negativa sobre o real durante as negociações daquele dia.

Ajustes e a guerra da Ptax

Rafael Passos, analista da Ajax Capital, informa que, por se tratar do último dia do mês, o dólar também passou por ajustes por conta da chamada “guerra da Ptax”. Essa Ptax é uma média do preço da moeda americana em relação ao real, calculada pelo Banco Central (BC) e que serve como referência para muitos contratos de câmbio.

No final do mês, tanto empresas quanto investidores tentam influenciar o preço do dólar para que a média final seja favorável a eles. Para isso, eles compram ou vendem grandes volumes de dólares, o que pode fazer o preço da moeda oscilar, impactando o resultado geral.

Além disso, Passos menciona que a queda da Bolsa também foi influenciada pela “realização de lucros”, um processo comum quando investidores vendem ações após alcançar um determinado nível de ganhos. “Esse fenômeno foi um reflexo do aumento do Ibovespa no dia anterior, que subiu 0,95%, alcançando 133.990 pontos”, destaca.

Commodities e balanços financeiros

O analista ainda nota que o desempenho do índice B3 variou devido à queda nos preços das commodities no mercado internacional e pelos resultados financeiros de empresas brasileiras. No caso do petróleo, o barril do tipo Brent, referência mundial, fechou em baixa de 0,96%, valendo US$ 72,53. Já o barril do tipo WTI, que é utilizado no mercado americano, recuou 1,06%, atingindo US$ 69,26. Esse cenário impactou negativamente as ações da Petrobras, que apresentam um peso considerável no Ibovespa, com uma queda de 1,07% às 16h50.

Quanto aos balanços financeiros, as ações da Ambev também sofreram desvalorização após a divulgação dos resultados do segundo trimestre, que mostraram uma queda de 8,9% no volume de vendas em comparação ao mesmo período do ano anterior. Às 16h40, os papéis da companhia estavam em queda de 5,32%. Essa combinação de fatores demonstra um cenário econômico desafiador, que continua a exigir cautela dos investidores.

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