Surpreendentes Revelações Sobre a Emboscada
Novas informações sobre o assassinato de Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, lançam luz sobre as ameaças que ele enfrentava. Segundo documentos obtidos pelo programa Fantástico, da TV Globo, Fontes era um alvo direto do Primeiro Comando da Capital (PCC) e já estava na mira da facção há meses antes de ser emboscado em Praia Grande, onde atuava como secretário de Administração desde 2023. A investigação revela que as ordens para a execução dele foram articuladas de dentro de presídios e contavam com vigilância prévia.
Relatos indicam que um dos veículos envolvidos no ataque circulava pela região um mês antes do crime, reforçando a explicação de um plano meticulosamente orquestrado. Ruy Fontes tinha uma carreira marcada pelo combate ao crime organizado, ingressando na Polícia Civil na década de 1980 e sendo responsável pela prisão de figuras proeminentes do PCC, incluindo Marcos Willian Camacho, o conhecido Marcola, em 1999.
O Histórico de Conflito com o Crime Organizado
Em 2019, enquanto ocupava o cargo de delegado-geral, Fontes tomou a ousada decisão de transferir 22 líderes do PCC para presídios federais de segurança máxima. Sua luta contra a facção não parou por aí; meses depois, ele liderou a prisão de um grupo notório conhecido como ‘Bonde dos 14’. Em uma audiência, Fontes revelou que seu nome figurava em uma lista de alvos da facção criminosa.
“Policiais fizeram uma investigação e descobriram que havia, no meio do PCC, uma ordem para matar algumas autoridades e o meu nome estaria entre elas”, compartilhou Fontes em depoimento. Ele ocupou o cargo de delegado-geral até 2022, quando se aposentou, mas, conforme as novas informações, as ameaças continuaram mesmo após sua saída da ativa.
Ameaças Persistentes e a Reação das Autoridades
Os documentos sugerem que as ordens para eliminar autoridades, incluindo Fontes, eram transmitidas por meio de um sistema de comunicação codificado que envolvia advogados e familiares de detentos. “O que eu quero deixar bem claro é que não saíram bilhetes ou cartas da Penitenciária Federal. O que saíram de lá foram ordens verbais codificadas”, afirmou o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, ressaltando a seriedade da situação.
Além disso, Gakiya compartilhou uma conversa que teve com Fontes, onde o ex-delegado expressou sua preocupação com a falta de proteção após a aposentadoria. “Ele me disse: ‘Doutor Lincoln, o senhor está mais tranquilo porque está muito bem protegido pela sua escolta. Eu, como aposentado, não tenho esse direito’”, relatou o promotor, enfatizando o estado vulnerável em que o ex-delegado se encontrava.
Essas revelações não apenas evidenciam o risco que Ruy Fontes enfrentava, mas também levantam questões sobre a eficácia das medidas de segurança para aqueles que dedicaram suas vidas ao combate ao crime. A série de eventos que culminaram em seu trágico assassinato deixa claro que a luta contra o PCC e outras facções criminosas continua a ser um desafio significativo para as autoridades.