Em meio às movimentações políticas que antecedem a eleição para a prefeitura de Salvador, a questão sobre onde o próximo prefeito irá exercer suas funções se torna cada vez mais pertinente. Um processo judicial em curso na Justiça Federal levanta a possibilidade de que a nova administração não permaneça no atual prédio da prefeitura. Isso se deve ao fato de que a estrutura atual não atende às exigências arquitetônicas e culturais da região, culminando na necessidade de encontrar um novo espaço para o Executivo municipal.

De acordo com informações obtidas por fontes ligadas à gestão atual, um posicionamento sobre a nova sede da prefeitura deve ser tomado imediatamente após as eleições marcadas para 6 de outubro, impactando a nova administração que tomará posse em 1º de janeiro de 2025. Dentre as opções em discussão, surge com destaque a possibilidade do Palácio da Sé, um imponente edifício sob a responsabilidade da Arquidiocese de Salvador, localizado ao lado da famosa praça da Cruz Caída, ser o novo local de trabalho do prefeito.

Além disso, as mudanças não devem se restringir apenas à nova administração. Os vereadores que serão eleitos nas próximas eleições também podem ganhar uma nova sede, uma vez que a Câmara Municipal de Salvador pode ser deslocada para um casarão histórico situado próximo ao Palácio da Sé, o que facilitaria um funcionamento mais integrado com o novo endereço da prefeitura. Entretanto, o futuro da atual Câmara Municipal, cuja instalação remonta ao século XVI, permanece incerto, considerando que esta é uma edificação de grande importância histórica e cultural.

Uma das opções que está sendo considerada para receber a Câmara é o Cine Excelsior, que está inativo desde o final da década de 1980. A transformação do antigo cinema em um Centro de Convenções já foi confirmada, com obras que prometem criar um espaço para eventos e atividades culturais. Recentemente, o governo municipal firmou um convênio com a Arquidiocese de Salvador para a reforma do espaço, com investimentos que giram em torno de R$ 20 milhões, sendo gerido por uma empresa privada após processo licitatório. Contudo, a possibilidade de reverter o local para receber a Câmara Municipal ainda está sob análise.

A movimentação para garantir a nova sede administrativa na gestão que se inicia é impulsionada por uma ação que questiona a legalidade da construção da atual sede. O Ministério Público Federal (MPF) alegou que a prefeitura foi construída sem a devida autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o que resultou em uma ação civil pública iniciada em novembro de 2000, que pedia a demolição do imóvel por inobservância das normas de preservação.

Em 2007, uma decisão judicial determinou a demolição do prédio, projetado pelo arquiteto João Filgueiras Lima, conhecido como “Lelé”. A construção, feita em metal e com pisos de madeira, é facilmente desmontável. Na época, estabeleceu-se um prazo de seis meses para a demolição, com a imposição de multa diária em caso de descumprimento. Desde então, a prefeitura vem apelando desta decisão judicial, prolongando a permanência na atual sede.

O edifício da prefeitura, erguido de maneira rápida sob a assinatura de “Lelé”, foi concebido inicialmente como uma solução temporária, dada sua estrutura facilmente desmontável. Em 1986, durante a gestão de Mário Kertész, havia a intenção de realocar a administração municipal para um dos casarões históricos da região, mas o litígio judicial impediu essa mudança, e a prefeitura continua em sua localização original.

Toda essa área é parte do Centro Histórico de Salvador, considerado um dos principais destinos turísticos da capital baiana e reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco. Este centro abriga cerca de 3.000 casarões datados entre os séculos XVI e XVIII, representando um legado cultural imenso.

Com a possibilidade de mudança de sede, o Palácio da Sé, que serve como um marco importante na história da Igreja no brasil, surge como forte candidato. Desde sua construção em 1715, o Palácio teve uma ligação intima com a Igreja, onde anteriormente existia a Casa do Arcebispo.

Recentemente, o prefeito Bruno Reis anunciou planos para implantar um novo espaço cultural em subsídios da Praça Municipal, um local estratégico em relação aos Palácios Thomé de Souza e rio branco. Um acordo com a Neoenergia Coelba já foi firmado para viabilizar o uso da área, que, segundo Reis, não só visa à revitalização do espaço, mas também à criação de um Centro de Convenções no coração do Centro Histórico, atraindo não apenas a população local, mas também novos públicos voltados para o turismo cultural. A previsão é que essa nova estrutura impulsione a dinâmica cultural da cidade, enriquecendo a experiência dos visitantes no Pelourinho e arredores.

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