Residência em Mongaguá e Reviravoltas nas Investigações

A polícia paulista localizou uma nova casa utilizada por criminosos responsáveis pelo assassinato do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes. O imóvel, situado em Mongaguá, litoral de São Paulo, foi alugado por Flávio Henrique Ferreira de Souza, de apenas 24 anos. Ele é um dos oito suspeitos já identificados e teve sua prisão solicitada por autoridades locais. A informação foi confirmada por uma fonte policial ao portal Metrópoles.

No dia 23 de setembro, a residência passou por perícia realizada por uma equipe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Diversas impressões digitais foram coletadas no local, incluindo a de Flávio, o que pode acentuar sua ligação com o crime.

Até agora, quatro indivíduos foram detidos em conexão com o homicídio do ex-delegado: William Silva Marques, proprietário da casa que funcionava como QG do grupo; Rafael Marcell Dias Simões, que se apresentou à polícia no último sábado (20/9); Dahesly Oliveira Pires, apontada como a mulher que buscou o fuzil, e Luiz Henrique Santos Batista, conhecido como Fofão, que teria dado carona a um dos criminosos após a execução.

Quatro outros suspeitos ainda estão foragidos. Entre eles, destacam-se Felipe Avelino da Silva, apelidado de Mascherano, e Flávio Henrique Ferreira de Souza, que tiveram vestígios de material genético encontrados em um dos veículos utilizados no crime. Outro foragido, Luis Antônio Rodrigues de Miranda, é procurado por ter solicitado que uma mulher fosse buscar um dos fuzis usados na ação criminosa. A identidade do quarto suspeito não foi divulgada pela polícia até o momento.

Entendendo a Dinâmica do Crime

As autoridades estão analisando imagens de câmeras de segurança para reconstruir os passos dos criminosos antes e durante a execução de Ruy Ferraz Fontes, ocorrida em 15 de setembro em Praia Grande, litoral paulista. Vídeos obtidos pelo Metrópoles mostram os momentos que antecederam a emboscada. Os suspeitos estacionaram um carro em uma rua próxima à Prefeitura, onde Ruy exercia o cargo de secretário de Administração, às 18h02.

Após 14 minutos, o veículo da vítima aparece nas filmagens, passando próximo aos criminosos, que abriram fogo. Ruy tentou escapar, mas após percorrer cerca de 2,5 quilômetros, acabou colidindo com um ônibus e foi executado.

Linhas de Investigação em Foco

As autoridades não descartam a possibilidade de envolvimento de agentes públicos na execução de Ferraz. Ele era conhecido como um adversário do PCC durante sua atuação como delegado, e tinha feito inimizades dentro da própria corporação. Atualmente, ocupa o cargo de secretário de Administração em Praia Grande, onde sua atuação pode ter gerado descontentamento em determinados setores. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) mantém em aberto todas as linhas de investigação.

Internamente, a execução é comparada à morte do corretor de imóveis Vinícius Gritzbach, que foi alvo de um atentado semelhante em 2020, onde três policiais militares foram supostamente contratados pelo PCC para executar o crime. A força-tarefa que investiga o caso de Ruy Ferraz acredita em uma possível vingança da facção criminosa. Ele foi o primeiro delegado a investigar a atuação do PCC no estado, no início dos anos 2000, desempenhando um papel essencial na transferência de líderes da facção para presídios federais de segurança máxima.

O Legado de Ruy Ferraz Fontes

Com mais de 40 anos de carreira na Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz era uma autoridade respeitada e temida por criminosos. Começou como delegado em Taguaí e ao longo de sua trajetória dirigiu várias delegacias, incluindo setores especializados no combate ao tráfico de drogas e aos crimes fiscais. Além de seu trabalho na polícia, Ferraz foi professor universitário, passando seu conhecimento sobre criminologia e direito processual penal para novas gerações de profissionais.

Ruy assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande em janeiro de 2023 e enfrentou desafios significativos até sua trágica morte. Em 2019, foi alvo de uma ameaça direta de Marcola, líder do PCC, após a transferência de vários criminosos de alta periculosidade para o sistema penitenciário federal. Uma série de eventos que culminou em sua execução trágica e repentina.

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