Reação da Embaixada de Israel
A Embaixada de Israel no Brasil manifestou, nesta quarta-feira (23 de julho), seu pesar em relação à declaração do governo brasileiro, que se envolveu na ação judicial da África do Sul na Corte Internacional de Justiça (CIJ), a qual acusa Israel de genocídio na Faixa de Gaza. Em nota enviada ao Metrópoles, o órgão declarou que as palavras usadas na acusação são “duras” e não refletem a realidade da situação em Gaza.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil confirmou oficialmente sua participação na ação, destacando a preocupação com os direitos humanos na região devastada pela guerra. “Relatórios da Fundação Humanitária de Gaza indicam que, nos últimos dois meses, cerca de 85 milhões de porções de comida foram enviadas para a Faixa de Gaza”, declarou a embaixada, ressaltando a dificuldade em garantir que a ajuda chegue a todos. Segundo eles, a presença do Hamas dificulta esse processo, pois existe a ameaça de que esses suprimentos sejam desviados.
A Embaixada enfatiza que Israel está totalmente comprometido em fornecer assistência humanitária e que quaisquer alegações de que o Estado estaria utilizando a fome como arma são infundadas. Eles afirmaram também que a declaração brasileira falha em considerar o papel negativo do Hamas, descrito como uma organização terrorista, e seu impacto sobre a distribuição de ajuda e a busca por um cessar-fogo.
Complexidade da Situação em Gaza
De acordo com as palavras da embaixada, Israel não está cometendo genocídio na Faixa de Gaza, e a ação da África do Sul na CIJ não reflete a complexidade e a realidade que as equipes israelenses observam no campo. “Lamentamos profundamente que pessoas inocentes estejam sofrendo na guerra contra o Hamas e fazemos esforços para evitar danos a civis em nossas operações”, reiterou a nota.
A Embaixada também expressou esperança de que a guerra chegue ao fim em breve, mencionando a necessidade de trazer de volta os 50 reféns ainda mantidos pelo Hamas, que, segundo afirmam, cometeu diversas violações ao Direito Internacional e ao Direito Internacional Humanitário. “Essa organização terrorista precisa ser neutralizada para que os cidadãos palestinos possam desfrutar de liberdade e uma vida digna”, concluiu.
A Posição do Brasil
O Itamaraty, por sua vez, reafirmou sua “profunda indignação” em relação aos episódios de violência contra palestinos, tanto na Faixa de Gaza quanto na Cisjordânia. Em comunicado, o governo brasileiro informou que está na fase final para formalizar sua intervenção no processo judicial movido pela África do Sul, baseado na Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio.
A decisão de apoiar a ação foi antecipada pelo chanceler Mauro Vieira no dia 14 de julho e já conta com o apoio explícito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ação, apresentada em dezembro de 2023, aponta evidências de crimes de guerra cometidos contra palestinos na Faixa de Gaza, desencadeando um novo capítulo nas tensões diplomáticas entre Brasil e Israel.
Tensão nas Relações Diplomáticas
O apoio do Brasil à ação legal contra Israel marca um ponto de inflexão nas relações entre os dois países, especialmente após o início do conflito em Gaza. O presidente Lula tem criticado abertamente as ações de Israel no enclave, que resultaram na morte de mais de 62 mil palestinos desde outubro de 2022. Em decorrência de suas declarações, Lula foi designado como persona non grata em Israel, o que evidencia a crescente tensão diplomática.
Além disso, o Embaixador Celso Amorim, assessor principal de Lula para assuntos internacionais, apontou a possibilidade de um rebaixamento nas relações diplomáticas com Israel, dada a recente escalada de polêmicas. O futuro das relações entre os dois países parece incerto, enquanto a situação em Gaza continua a se deteriorar.