Avanço Militar e Ordem de Evacuação em Deir al-Balah

No último domingo, 20 de julho, o governo israelense emitiu uma ordem de evacuação para uma nova área no centro da Faixa de Gaza, ampliando suas operações militares em uma região até então intocada pelas Forças de Defesa de Israel. Em um comunicado publicado no X, um porta-voz militar israelense, Avichay Adraee, convocou urgentemente os Palestinos abrigados em Deir al-Balah a deixarem o local.

“As Forças de Defesa estão empenhadas, com grande vigor, em desmantelar as capacidades inimigas e a infraestrutura terrorista na área, expandindo suas atividades para uma região que ainda não havia sido alvo de operações militares”, afirmou Adraee.

De acordo com o jornal **Times of Israel**, Deir al-Balah era um dos poucos locais em Gaza que se mantinha relativamente seguro durante o Conflito, devido à menor intensidade das operações. Essa situação atraiu milhares de Palestinos deslocados em busca de abrigo.

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) estima que o novo avanço da ofensiva terrestre afete entre 50 mil e 80 mil pessoas, que agora se veem obrigadas a deixar Deir al-Balah. Com isso, 87,8% da Faixa de Gaza está sob ordens de evacuação ou foi transformada em áreas militarizadas.

“Essa situação deixa 2,1 milhões de civis confinados em apenas 12% da região, onde os serviços essenciais colapsaram”, alertou o OCHA.

Os representantes da ONU afirmaram que continuarão em Deir al-Balah. “Todos os locais civis devem ser protegidos, independentemente das ordens de deslocamento”, enfatizou a entidade.

Planos de Confinamento da População Palestina

A expansão militar em Deir al-Balah integra um plano mais amplo do governo israelense, visando confinar milhares de Palestinos em uma área restrita ao sul de Gaza, forçando uma evacuação que a administração israelense descreve como “voluntária”.

Segundo um plano revelado no início de julho pelo ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, a intenção é deslocar toda a população palestina para a cidade de Rafah, no sul, resultando em um confinamento em uma “cidade humanitária”, sem possibilidade de retorno ao norte da Faixa de Gaza.

Essa estratégia foi criticada por muitos como uma tentativa de expulsão em massa da população palestina, reminiscentes de propostas anteriores, como a tentativa do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, de transferir Palestinos para outros países e transformar Gaza em um destino turístico. Especialistas em direito internacional alertam que essa estratégia de deslocamento forçado é ilegal.

Preocupações das Famílias de Reféns

O Exército israelense tinha poupado a área de Deir al-Balah até agora, pois suspeitava que o Hamas estivesse mantendo os últimos reféns do ataque ocorrido em 7 de outubro de 2023. Dos 251 reféns sequestrados, 49 ainda estão em cativeiro em Gaza, sendo que 27, segundo informação do exército, já teriam morrido.

As famílias dos reféns expressam preocupação de que a intensificação da ofensiva israelense em Deir al-Balah possa colocar em risco a vida de seus entes queridos. O Hamas ameaçou executar reféns caso as forças israelenses se aproximem da área.

Nos últimos dias, delegações de Israel e do Hamas têm se engajado em negociações indiretas para um cessar-fogo de 60 dias em Gaza, além da libertação de 10 reféns, embora até o momento não tenham alcançado resultados concretos.

No último sábado, famílias de reféns se reuniram em Tel Aviv para exigir ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e ao ex-presidente Trump que garantissem o retorno dos cativos e o fim do Conflito. Em uma declaração conjunta, solicitaram que as autoridades israelenses esclarecessem qual é o plano de combate e como isso protegeria os sequestrados ainda em Gaza.

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