Queda no dólar e Ibovespa: O Cenário Atual
Nesta terça-feira (15), o dólar e o Ibovespa registraram quedas significativas. Os investidores estão atentos às discussões sobre como o governo brasileiro responderá às tarifas anunciadas na semana passada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Além disso, dados recentes sobre a inflação norte-americana intensificaram as expectativas de um possível corte nas taxas de juros pelo Federal Reserve em setembro.
O dólar à vista apresentou uma queda de 0,48%, situando-se a R$ 5,5595 na venda, interrompendo uma sequência de quatro sessões de valorização. Ao mesmo tempo, o Ibovespa, que representa o mercado acionário brasileiro, apresentou uma leve retração de 0,04%, fechando em 135.250,10 pontos.
A desvalorização do real foi acompanhada por uma aparente recuperação das divisas emergentes no cenário internacional, com o dólar enfrentando quedas expressivas em relação a moedas como o peso mexicano, o peso chileno e o rand sul-africano.
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Ameaças Tarifárias e Implicações no Mercado
Esse movimento de queda se deu após uma semana complicada para as moedas emergentes, uma vez que os investidores demonstraram aversão a ativos mais arriscados, especialmente diante das novas ameaças tarifárias feitas por Trump. O real, particularmente, tem se mostrado vulnerável à divisa norte-americana desde que o presidente dos EUA anunciou, na semana passada, uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Essa decisão foi relacionada ao tratamento que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu do Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre o anúncio das tarifas e o fechamento do pregão anterior, o dólar registrou uma alta de 2,5% em relação ao real. Agora, os investidores aguardam uma resposta mais concreta do governo brasileiro a essas ameaças. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já indicou que o país pretende negociar com os EUA, mas poderá adotar medidas de reciprocidade, caso as conversas não avancem.
Recentemente, o governo publicou um decreto no Diário Oficial, regulamentando a Lei de Reciprocidade Econômica, que estabelece mecanismos para responder às tarifas impostas pelos Estados Unidos. “A tensão comercial continua. Precisamos entender quais serão as tarifas globais e como essa relação comercial entre EUA e Brasil se desenvolverá”, comentou Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
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Perspectivas Econômicas e inflação nos EUA
Em relação à inflação nos Estados Unidos, o governo informou que o índice de preços ao consumidor subiu 0,3% em junho, um aumento superior ao crescimento de 0,1% do mês anterior, mas que se alinha com as previsões de economistas consultados pela Reuters. Em termos anuais, a inflação alcançou 2,7%, acelerando em comparação aos 2,4% de maio e ligeiramente acima da expectativa de 2,6%.
Esse resultado é observado com cautela, devido aos receios de que as tarifas impostas por Trump possam elevar os preços ao consumidor ao longo do ano. Isso complicaria o trabalho do Federal Reserve na tarefa de manter a inflação sob controle, possivelmente reduzindo a margem para cortes nas taxas de juros.
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Após a divulgação dos dados de inflação, os operadores continuavam a considerar uma expectativa de 47 pontos-base de redução na taxa pelo banco central dos EUA neste ano, conforme dados da LSEG. O índice do dólar, que avalia o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis divisas, apresentou queda de 0,12%, sendo cotado a 97,996.
Trump tem pressionado o presidente do Fed, Jerome Powell, a implementar cortes rápidos nas taxas de juros, embora essa demanda tenha sido ignorada pelas autoridades do banco central. De acordo com a ata da última reunião, a maioria dos membros do Fed ainda prefere aguardar para avaliar o impacto das tarifas sobre a inflação.
*Com informações da Reuters