Impacto do Novo Mandato de Trump no Mercado Cambial

Desde o início do segundo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 2025, o cenário do mercado cambial global passou por mudanças significativas. Dados da consultoria Elos Ayta revelam que a moeda americana apresentou desvalorização frente a 24 das 27 economias analisadas no período de seis meses, encerrando em 18 de julho. Essa tendência reflete um realinhamento nas relações cambiais e uma série de fatores que influenciam a confiança no dólar.

A maior queda da moeda americana ocorreu em relação ao rublo russo, que registrou uma desvalorização de 23,40%. Em seguida, destacam-se a coroa sueca e o franco suíço, com quedas de 13,66% e 13,04%, respectivamente. Ao todo, sete divisas conseguiram valorizar-se em mais de 10% frente ao dólar, evidenciando um movimento global que pode ter repercussões importantes.

No contexto brasileiro, o dólar Ptax – a taxa oficial estabelecida pelo Banco Central – teve uma queda de 8,32% em relação ao real desde a posse de Trump, colocando o Brasil na 11ª posição entre as moedas que mais se valorizaram. “Esse cenário reforça a percepção de fortalecimento do real, alinhado à tendência de desvalorização do dólar em nível global”, afirma Einar Rivero, sócio da Elos Ayta e responsável pelo estudo. “Essa dinâmica está relacionada à melhora no fluxo cambial e ao aumento do apetite por riscos por parte de investidores internacionais.”

Comparação com Outras Moedas: A Realidade do Dólar

Curiosamente, o dólar teve valorização apenas em relação a três moedas. Em Hong Kong, a alta foi modesta, de 0,77%, devido à conexão da moeda local com o dólar americano. Na Turquia, a moeda americana subiu 13,59% e, na Argentina, a valorização foi de 22,83%. Rivero ressalta que esses movimentos refletem as instabilidades econômicas internas, como inflação alta e perda de confiança nas moedas locais.

A desvalorização do dólar traz implicações significativas para o mercado financeiro. Segundo Rivero, essa tendência está ligada à expectativa de que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, possa adotar uma política monetária mais flexível, incluindo cortes na taxa de juros. “Isso pode estimular a entrada de capital em mercados emergentes e ativos de maior risco, como ações, uma realidade que já se reflete na valorização das bolsas de valores globalmente”, comenta o especialista.

A mudança na dinâmica do dólar também indica um possível reequilíbrio das forças financeiras globais. Rivero observa que a ampla desvalorização da moeda americana pode tornar os ativos internacionais mais atraentes e abrir espaço para uma nova fase de crescimento, especialmente em países que souberem capitalizar essa oportunidade. “Esse movimento é significativo e possui repercussões econômicas importantes”, acrescenta.

O Rublo em Ascensão: Uma Análise Geopolítica

Analistas acreditam que o destaque do rublo no ranking de valorização está profundamente ligado a fatores geopolíticos. A aproximação de Trump com o presidente russo, Vladimir Putin, logo após a sua posse, gerou expectativas no mercado de que uma solução para o conflito entre Rússia e Ucrânia poderia ser discutida. “O mercado interpretou essa aproximação de forma otimista”, afirma Emerson Vieira Junior, responsável pela mesa de câmbio e contas internacionais da Convexa Investimentos. Além disso, a tendência de alta nos preços do petróleo no cenário global também favorece a Rússia, que é a terceira maior produtora de petróleo do mundo.

A análise dos especialistas indica que o comportamento do dólar no mercado cambial, influenciado por uma combinação de fatores econômicos e geopolíticos, pode ter um impacto duradouro, exigindo atenção dos investidores e formuladores de políticas em todo o mundo.

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