Revelações Impactantes na Carta de Maicol Sales dos Santos

Em uma carta datada de 8 de setembro, Maicol Sales dos Santos, principal suspeito na morte da adolescente Vitória Regina, de 17 anos, afirmou ter sido compelido a confessar o crime sob ameaças e pressão da polícia civil. O caso, que atraiu grande atenção da mídia, trouxe à tona questões sobre a condução das investigações.

Vitória Regina foi encontrada morta em 5 de março deste ano, em uma área de mata em Cajamar, na Grande São Paulo. Apenas 12 dias após o crime, Maicol assinou uma confissão, mas agora contesta a veracidade dessa declaração, alegando coerção em sua elaboração.

O portal Metrópoles obteve acesso à carta escrita por Maicol, que se encontra preso preventivamente desde abril. No documento de quatro páginas, ele descreve uma série de ameaças que, segundo ele, culminaram em sua confissão. O suspeito vai além e sugere que, se alguém está acobertando o crime, essa pessoa seria a própria polícia.

O Momento da Confissão

Na carta, Maicol narra como ficou sabendo sobre sua confissão no dia 17 de março, um momento que o surpreendeu. Ele relata ter sido informado por seus advogados, acompanhados de membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, enquanto ouvia barulhos de helicópteros da imprensa.

Estranhando a situação, o suspeito afirma que não tinha qualquer envolvimento no crime e não havia confessado nada a nenhum policial até aquele momento. Na sequência, ele menciona a visita de um investigador-chefe e um policial à sua cela, onde supostamente começou a ser ameaçado.

Maicol detalha um incidente em que foi trancado em um banheiro em condições insalubres, onde supostamente refletiu sobre as ameaças recebidas. Ele assegura que a existência de câmeras na delegacia poderia corroborar sua versão dos fatos, embora as autoridades se negassem a disponibilizar as gravações.

Ameaças e Pressões

Na carta, o suspeito afirma que, durante uma reunião com o delegado, ouviu ameaças explícitas, incluindo a menção ao Primeiro Comando da Capital (PCC), com o delegado insinuando que sua família estaria em perigo caso ele não cooperasse.

Maicol, que se mantinha em silêncio, viu sua situação se agravar com as constantes pressões. Segundo sua narrativa, uma advogada identificada como Glória, que ele alegou ser da Prefeitura de Cajamar, teria recomendado que seguisse as ordens do secretário de Segurança, que também o intimidava, ligando sua segurança à segurança de sua família.

O secretário, conforme o relato de Maicol, atacou sua família e insinuou que algo fatal poderia acontecer, reforçando a pressão que o suspeito sentia. Ele alega que, mesmo negando a participação no crime, foi informado de que seria responsabilizado pelo assassinato de Vitória.

O Papel da Advocacia e a Confissão

Após um breve contato com sua mãe, Maicol confessou ter recebido instruções de um policial sobre a narrativa que deveria apresentar, afirmando que deveria alegar um romance com a vítima, uma história que ele nega categoricamente.

Ao se apresentar à sala do delegado, Maicol afirma que foi recebido com mais ameaças e, sob tal pressão, começou a narrar a confissão que havia sido combinada previamente. Ele relata ainda que, durante o depoimento, era frequentemente auxiliado por policiais presentes, que o ajudavam a lembrar suas respostas.

Ao finalizar a carta, Maicol acusou a polícia de Cajamar de estar envolvida em um esquema para encobrir o crime contra Vitória. Essas alegações levantaram questionamentos sobre a condução das investigações e as práticas usadas pelas autoridades.

Reações das Autoridades

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) declarou que o conteúdo da carta está sendo investigado pela Corregedoria da polícia civil. Em uma nota, a Prefeitura de Cajamar repudiou as declarações de Maicol, qualificando-as de “infundadas” e “mentirosas”, e afirmou que estão sendo utilizadas para desviar o foco das investigações e lançar dúvidas sobre a integridade de funcionários públicos.

Além disso, a administração municipal ressaltou que o secretário de Segurança tem colaborado com a investigação, oferecendo suporte à família da vítima e disponibilizando agentes para garantir a segurança da comunidade. A advogada mencionada na carta, Glória, foi identificada como servidora auxiliar e não como representante oficial da Procuradoria Municipal.

A investigação continua sob a responsabilidade da polícia civil e do Ministério Público, que segue contando com a colaboração da prefeitura para esclarecer os fatos em torno deste trágico caso.

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