Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) localizados no distrito federal (DF) contaram com um expressivo total de 1.529.216 atendimentos realizados entre os anos de 2017 e 2024, evidenciando um aumento significativo na demanda e um fortalecimento contínuo das políticas públicas voltadas para a saúde mental. Entre janeiro e novembro de 2024, mais de 333.631 atendimentos foram registrados, o que ressalta a crescente necessidade da população por serviços de apoio psicossocial.

A secretária de saúde do DF, Lucilene Florêncio, enfatiza que este crescimento no número de atendimentos reflete a prioridade que a saúde mental ganhou nos últimos anos. “Nos últimos sete anos, os procedimentos realizados nos Caps aumentaram em mais de 155%, o que é um claro indicador do nosso compromisso em ampliar o acesso ao cuidado psicológico. Estamos determinados a garantir que cada cidadão receba a assistência necessária para preservar seu bem-estar emocional”, destaca.

Fernanda Falcomer, subsecretária de saúde mental da Secretaria de saúde (SES-DF), ressalta a relevância dos Caps na reintegração social e recuperação dos pacientes. “Esses centros desempenham um papel fundamental no tratamento de transtornos mentais severos, com uma ênfase especial na autonomia dos pacientes e na sua inclusão social. A expansão da rede de unidades é uma estratégia vital para melhorar a acessibilidade e a qualidade dos serviços oferecidos”, afirma.

A gerente do Caps III de Samambaia, Ana Luísa Lamounier, observa que o aumento na busca por atendimento em saúde mental indica uma diminuição do preconceito associado a esses serviços. “Estamos notando uma tendência que favorece a decisão das pessoas de buscarem ajuda. Além disso, o Caps está se tornando mais conhecido pela população”, ressalta. Contudo, ela salientou que ainda existem desafios em relação à superação do estigma. “Infelizmente, ainda testemunhamos memes e piadas que fazem referência ao Caps, o que demonstra uma falta de compreensão e inclusão das pessoas que sofrem de problemas mentais. Por exemplo, existe um estereótipo infundado que sugere que indivíduos com transtornos mentais possam ser violentos, o que não reflete a realidade”, analisa.

Saber quando buscar ajuda é crucial para evitar que os problemas de saúde mental se intensifiquem. “É fundamental reconhecer sinais, como dores emocionais persistentes, dificuldade em superar a perda de uma pessoa próxima ou sentimentos que levam a questionar o propósito da vida. Atenção também deve ser dada a mudanças bruscas de comportamento, como um aumento significativo de energia ou irritabilidade, além do uso excessivo de substâncias como álcool e drogas. Todas essas questões podem ser indicativas de que é hora de procurar ajuda”, orienta Ana Luísa.

O Caps III de Samambaia se destaca por oferecer acolhimento integral a indivíduos em situação de crise. Os pacientes podem permanecer na unidade por até sete dias, durante os quais recebem um acompanhamento intensivo e multidisciplinar. “Nosso atendimento é de portas abertas. A única necessidade é que a pessoa compareça ao local, preferencialmente com um documento de identificação. Se não tiver, encontramos uma forma de garantir seu cadastro e acolhimento. O essencial é ouvir o paciente, avaliar sua condição e direcioná-lo ao atendimento adequado”, explica Juliana Neres, assistente psicossocial da unidade.

Além de tratar casos de sofrimento mental severo, a rede pública de saúde também acolhe diversas outras situações. A principal porta de entrada para os serviços é por meio das Unidades Básicas de saúde, onde os pacientes encontram acolhimento e acompanhamento em saúde mental.

Com a previsão de abrir cinco novas unidades de Caps até 2026, a Secretaria de saúde do DF está empenhada em expandir a oferta desses serviços. Dentre as novas instalações, duas serão direcionadas ao público infanto-juvenil, conhecidas como Capsi, em recanto das emas e Ceilândia, e outras duas unidades em Guará e taguatinga serão focadas em atender casos de dependência de álcool e outras substâncias, conhecidas como Caps III AD. Essa expansão reflete o comprometimento da Secretaria em atender a crescente demanda e melhorar a qualidade de vida da população, evidenciando a importância de investimentos contínuos em saúde mental.

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