No Distrito Federal, a campanha Janeiro Branco emerge como uma iniciativa fundamental para promover a conscientização sobre a saúde mental, focando em transtornos e doenças mentais. Este movimento coincide com uma importante expansão dos serviços na rede pública, com a Secretaria de Saúde (SES-DF) prevendo um significativo aumento de unidades dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), passando de 18 para 23 até o final de 2026. Essa ampliação é uma resposta direta a uma demanda crescente por cuidado e suporte à saúde mental da população.

Recentemente, duas obras vinculadas a essa expansão já foram licitadas, com início programado para ocorrer neste mês. Uma das novas unidades será localizada no recanto das emas e a outra no Gama, ambas previstas para inauguração no início de 2026 e prometendo um atendimento ininterrupto, funcionando 24 horas por dia. Além disso, ainda no primeiro semestre de 2025, há planos para lançar novas licitações para a construção de centros em regiões como Ceilândia, taguatinga e Guará, sempre com o intuito de ampliar o acesso à assistência psicológica.

Os Caps desempenham um papel crítico no atendimento a pessoas que enfrentam problemas de saúde mental graves, incluindo aqueles relacionados ao uso de álcool e outras substâncias. Esses centros são projetados para acolher pessoas em situações de crise, bem como para apoiar os processos de reabilitação psicossocial, funcionando em regime de porta aberta — ou seja, não é necessário agendar uma consulta ou ter encaminhamento médico para receber atendimento.

A crescente procura pelos serviços de saúde mental é alarmante. Em 2023, a SES-DF registrou 281,5 mil atendimentos na área de saúde mental, e, em 2024, de janeiro a outubro, esse número aumentou para 303,5 mil. Essa alta demanda levou a Secretaria a aumentar a carga horária de 39 profissionais das unidades de Caps, elevando a carga de 20 para 40 horas semanais, resultando em quase 800 horas adicionais de serviços, abrangendo médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde.

Além das ampliações nas unidades de Caps, a SES-DF também inaugurou, em julho do ano passado, residências terapêuticas que representam um avanço significativo na rede de saúde mental do Distrito Federal. O Serviço Residencial Terapêutico (SRT) oferece uma alternativa de moradia para indivíduos que, devido à falta de suporte adequado na comunidade, permanecem internados em hospitais psiquiátricos. O SRT visa proporcionar uma rotina que se assemelha à vida cotidiana, promovendo autonomia e reintegração social dos pacientes.

A campanha Janeiro Branco se destaca por promover um diálogo crucial sobre transtornos mentais, como ansiedade e depressão. Essas condições, assim como as doenças físicas, necessitam de tratamento especializado e acompanhamento profissional contínuo. A diretora de Serviços de Saúde Mental da SES-DF, Fernanda Falcomer, enfatiza a importância de tratar da saúde mental não apenas em janeiro, mas em todos os dias do ano. Ela comenta que, embora houver um foco em janeiro, o objetivo é que as pessoas reconheçam a saúde mental como uma prioridade constante e busquem auxílio quando necessário.

Além disso, Falcomer alerta sobre os fatores que podem levar a doenças mentais, incluindo condições genéticas, estresse, abuso de substâncias e traumas. Para prevenir essas enfermidades, a especialista aconselha manter hábitos saudáveis: dedicar tempo ao lazer, praticar hobbies, realizar atividades físicas, evitar o consumo excessivo de álcool e drogas, cultivar relacionamentos saudáveis, cuidar da alimentação e garantir um bom sono. “Quando as doenças como ansiedade e depressão impactam nossas atividades diárias, é fundamental buscar ajuda”, completa.

Para não deixar os casos de saúde mental se agravarem, a Atenção Primária à Saúde (APS) no DF disponibiliza atendimentos em 176 unidades básicas de saúde (ubss), atuando como pontos de entrada para tratamento. Nessas unidades, as pessoas podem receber acompanhamento e participar de atividades que promovem o bem-estar mental.

Como parte de um cuidado holístico, a SES-DF também apresenta alternativas para a promoção da saúde mental, através das Práticas Integrativas em Saúde (PIS). Atualmente, a Secretaria oferece 17 modalidades de práticas, incluindo acupuntura, auriculoterapia, fitoterapia, homeopatia, meditação, musicoterapia, reiki, shantala, tai chi chuan e yoga (hatha e laya). Estas práticas complementares são oferecidas coletivamente, promovendo um ambiente de apoio e recuperação para os participantes.

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