Na quinta-feira, os preços do petróleo registraram uma alta significativa, impulsionados pela intensificação do conflito aéreo entre israel e Irã, que já se estende por uma semana. A crescente incerteza sobre a possível participação dos Estados Unidos no confronto tem gerado um clima de nervosismo entre os investidores. O aumento na volatilidade dos preços reflete o impacto direto das tensões geopolíticas na dinâmica do mercado de petróleo.

Além disso, o volume de transações foi consideravelmente reduzido na quinta-feira, em virtude de um feriado federal nos Estados Unidos, o que contribuiu para uma maior sensibilidade dos preços. O conflito, que entrou em seu sétimo dia, teve início após israel realizar ataques a instalações nucleares no Irã, enquanto mísseis iranianos atingiram um hospital em território israelense, acirrando ainda mais as hostilidades.

As expectativas dos traders em relação ao futuro do conflito entre israel e Irã são marcadas por um “prêmio de risco” significativo, que se reflete nos preços do petróleo. Segundo análises de especialistas, como Tony Sycamore, da plataforma de negociação IG, o mercado está em um estado de expectativa, aguardando se as próximas etapas incluirão uma ação militar dos EUA ou se haverá uma abertura para negociações de paz. Essa incerteza tem gerado um ambiente de cautela entre os investidores, que buscam entender as possíveis repercussões no fornecimento de petróleo global.

Uma recente avaliação do Goldman Sachs destacou que um prêmio de risco geopolítico de aproximadamente US$ 10 por barril é justificado devido à redução da oferta iraniana, além da possibilidade de interrupções mais amplas que poderiam empurrar o preço do petróleo Brent acima dos US$ 90. Phil Flynn, analista sênior do Price Futures Group, comentou que a atual crise tira o mercado de petróleo de sua zona de conforto, sugerindo que os riscos geopolíticos têm sido subestimados.

A incerteza em torno da política externa dos EUA, especialmente sob a administração do presidente Donald Trump, também tem contribuído para a volatilidade do mercado. Em declarações feitas a repórteres, Trump indicou que ainda não tomou uma decisão sobre se os EUA se unirão a israel em suas ações contra o Irã. Essa imprevisibilidade tem mantido os mercados em alerta, com analistas como Priyanka Sachdeva, da Phillip Nova, ressaltando que os investidores estão em busca de sinais mais claros que possam impactar a oferta global de petróleo e a estabilidade da região.

O potencial de interrupções significativas no fornecimento de energia aumenta à medida que o Irã se sente ameaçado, e a participação dos EUA no conflito poderia resultar em ataques a petroleiros e a infraestrutura energética na região, conforme apontou Helima Croft, analista da RBC Capital. A produção de petróleo do Irã, que representa cerca de 3,3 milhões de barris por dia, coloca o país como o terceiro maior produtor entre os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (opep).

Mesmo que as tensões no oriente médio diminuam nos próximos dias, analistas acreditam que os preços do petróleo não retornarão à faixa de US$ 60, que prevalecia há um mês. Com cerca de 18 a 21 milhões de barris de petróleo e derivados transitando pelo Estreito de Ormuz, existe uma preocupação crescente de que os conflitos possam interromper as correntes comerciais vitais para o mercado.

Por outro lado, uma autoridade petrolífera da Rússia expressou apoio à continuidade dos planos de aumento da produção pelos países da opep+, destacando o crescimento da demanda previsto para o verão. O vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, fez um apelo para que a opep+ avance com cautela em suas estratégias, evitando alarmar o mercado com previsões excessivamente otimistas ou negativas. A combinação de fatores geopolíticos e econômicos está moldando um cenário complexo para o mercado de petróleo, que requer atenção cuidadosa por parte dos investidores.

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