Como a Cor do Tubarão-Azul é Determinada
O tubarão-azul, conhecido cientificamente como Prionace glauca, pode possuir habilidades mais complexas do que se imaginava. Um estudo recente conduzido pela Universidade da Cidade de Hong Kong trouxe à tona que essa espécie não apenas exibe a cor azul característica, mas também tem a capacidade de alterar sua coloração para diferentes tons. A pesquisa foi divulgada durante a Conferência Anual da Sociedade de Biologia Experimental, realizada na Bélgica no dia 9 de julho.
As variações de azul, que vão do tom mais escuro no dorso ao mais claro na barriga, são fruto de uma combinação sofisticada de estruturas microscópicas e compostos químicos presentes na pele deste magnífico peixe. A pele do tubarão-azul é coberta por escamas conhecidas como dentículos dérmicos, que, além de ajudar a reduzir o atrito com a água, desempenham um papel crucial na proteção contra parasitas. Agora, os pesquisadores descobriram que essas estruturas também são fundamentais para a coloração e a habilidade de camuflagem.
O Que Permite a Mudança de Cor?
Utilizando tecnologias avançadas, como microscopia óptica e eletrônica e espectroscopia, os cientistas identificaram que os dentículos dérmicos abrigam cavidades pulpares. Essas cavidades contêm componentes como cristais de guanina, que refletem a luz azul, e bolsas de melanina, um pigmento escuro que absorve outras cores. O fenômeno da cor azul típica da espécie é gerado pela reflexão seletiva da luz, onde a combinação das camadas de guanina e a absorção das outras cores pela melanina criam um efeito visual impressionante, dependente do espaçamento microscópico entre os cristais.
“Ao combinar esses materiais, você também cria uma poderosa capacidade de produzir e mudar a cor. O mais intrigante é que conseguimos observar pequenas variações nas células que contêm os cristais e como elas influenciam a cor de todo o organismo”, comentou Mason Dean, um dos autores do estudo, em um comunicado.
A Semelhança com os Camaleões
Em uma análise mais minuciosa, os pesquisadores notaram que o tubarão-azul pode ajustar sua coloração em resposta ao ambiente. Alterando o espaçamento entre os cristais de guanina, a tonalidade da pele pode se transformar em verde ou amarela. Assim como os camaleões que mudam de cor, os tubarões podem ter um mecanismo análogo, embora no caso dos tubarões, essa mudança seja influenciada pela pressão da água. Ao mergulharem em profundidades maiores, a pressão pode aproximar as camadas de cristais, escurecendo a pele do tubarão-azul e favorecendo sua camuflagem.
Apesar da descoberta notável, a equipe de pesquisa observou as mudanças de cor em simulações realizadas em ambiente controlado. “O próximo passo é investigar como esse mecanismo funciona na natureza, em tubarões que habitam seus ecossistemas naturais”, enfatiza Viktoriia Kamska, coautora do artigo.