Desdobramentos da Polêmica Epstein

No último sábado, 12 de agosto, o ex-presidente Donald Trump recorreu às redes sociais para expressar apoio à procuradora-geral Pam Bondi, ao mesmo tempo em que criticou figuras de seu próprio espectro político que, segundo ele, estão excessivamente preocupadas com o caso de Jeffrey Epstein. Trump exigiu que Bondi tornasse públicos arquivos relacionados ao magnata falecido, descrito por ele como “um cara que nunca morre”. Jeffrey Epstein, condenado por crimes sexuais, morreu em 2019, enquanto estava sob custódia.

“Estão todos atrás da Procuradora-Geral Pam Bondi, que está fazendo um trabalho excepcional! Estamos jogando no mesmo time, MAGA, e eu não aprovo o que está ocorrendo. Temos um governo perfeito e algumas ‘pessoas egoístas’ estão tentando sabotá-lo, tudo por causa de um cara que nunca morre, Jeffrey Epstein”, declarou Trump em sua postagem.

Memorando do Departamento de Justiça

No domingo seguinte, o Departamento de Justiça divulgou um memorando informando que Epstein cometeu suicídio e que sua suposta “lista de clientes” não existe, indicando que o governo estava praticamente encerrando as investigações sobre o caso. Essa notícia reavivou uma série de teorias conspiratórias acerca da morte de Epstein e a possibilidade de envolvimento de figuras proeminentes em seus crimes. A liberação do memorando representou uma contradição às promessas feitas por Trump em sua campanha anterior, quando afirmou que seu governo tornaria públicos os arquivos relacionados a Epstein.

Em fevereiro, Bondi disse à Fox News que estava revisando a tão mencionada lista de clientes, conforme diretrizes fornecidas por Trump. Apenas uma semana depois, o Departamento de Justiça apresentou uma “primeira fase” dos documentos, mas o material entregue não trouxe informações novas, gerando constrangimento para a administração, especialmente após influenciadores de direita serem convidados a coletar os arquivos pessoalmente. Em março, Bondi prometeu que “tudo seria tornado público” e acusou o governo Biden de obstruir a divulgação.

Reações da Base MAGA

Como era de se esperar, a base MAGA ficou agitada com a possibilidade de um caso que parecia encerrado ser tratado sem as devidas respostas. Vários influenciadores e figuras de direita expressaram indignação, levando alguns a exigir a demissão de Bondi, refletindo uma tensão crescente dentro do governo Trump. No entanto, Trump parece determinado a manter sua narrativa, afirmando que a insistência em Epstein, que ele diz ser irrelevante para sua base, é uma forma de distrair os eleitores.

Trump, em sua postagem, alegou, sem apresentar provas, que os arquivos sobre Epstein foram criados por adversários políticos, incluindo Obama, Hillary Clinton e James Comey, ex-diretor do FBI que Trump demitiu durante seu mandato. “Por que estamos dando atenção a documentos escritos por pessoas como Obama, Hillary e outros que enganaram o mundo?”, questionou Trump.

Investigação de Fraude Eleitoral

Além de reafirmar seu apoio a Bondi, Trump convocou sua base com um apelo: “DEIXE A PAM BONDI FAZER O SEU TRABALHO — ELA É ÓTIMA!”. Ele também mencionou que o atual diretor do FBI, Kash Patel, deveria se concentrar em investigar alegações de fraude eleitoral, corrupção política e a suposta eleição fraudada de 2020, questões que ressoam fortemente entre seus apoiadores. “Não vamos perder tempo com Jeffrey Epstein, alguém com quem ninguém se importa”, acrescentou.

Nos dias seguintes, vários assessores e membros da equipe de Trump tentaram, sem sucesso, apaziguar a inquietação entre influenciadores do MAGA, pedindo que deixassem de lado a polêmica em torno de Epstein após a divulgação do memorando. Contudo, a reação de Trump, aparentemente, não ajudou a acalmar as tensões em seu círculo de apoio.

Uma fonte próxima ao governo comentou à Rolling Stone: “Ele está dificultando para alguns dos seus maiores apoiadores não pensarem que talvez ele realmente tenha alguma relação com os arquivos de Epstein”. Outro ex-associado do ex-presidente avaliou a situação como “um reflexo terrível da habilidade dele em controlar a narrativa”.

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