Entendendo a Escolha entre Touro de Central e Touro de Campo

Na hora de optar pelo melhoramento genético do rebanho, muitos pecuaristas enfrentam uma dúvida crucial: é mais vantajoso investir em um touro de central, que fornece sêmen para inseminação artificial (IA), ou em um touro de campo, que realiza a monta natural? A resposta para essa questão varia conforme os objetivos da propriedade, o sistema reprodutivo adotado e o tipo de animal que se deseja reproduzir.

Para esclarecer essas questões, o Canal do Criador trouxe considerações de dois especialistas no assunto: Luiza Mangucci, gerente de Corte Taurino da Alta Genetics, e Matheus Franco Martins, da Fazenda Camparino, que é referência na seleção de touros da raça Nelore.

Quando Optar pelo Sêmem de Central?

O uso de sêmen de central é especialmente recomendado para propriedades que contam com um planejamento genético adequado, independentemente do tamanho da fazenda. A inseminação artificial não apenas acelera o ganho genético, mas também otimiza o manejo reprodutivo, permitindo um controle mais eficaz da estação de monta.

Luiza destaca que a IA é uma ferramenta valiosa, especialmente em locais onde a monta natural é limitada. Os principais benefícios incluem:

  • Multiplicação genética direcionada, focando nas melhores matrizes;
  • Aumento de peso à desmama, com ganhos de 15 a 30 kg por bezerro;
  • Melhora no calendário reprodutivo, utilizando raças taurinas no final da estação.

Apesar de todos os avanços, a verdadeira avaliação da eficácia de um touro repousa sobre sua progênie. Matheus ressalta: “Às vezes, um touro não é escolhido para a central por um pequeno detalhe. Contudo, quando seus filhos nascem, pode-se verificar um desempenho superior ao de um touro da central. O que realmente importa é o bezerro que chega ao chão”.

A Monta Natural ainda Tem Espaço?

A monta natural continua sendo amplamente utilizada no Brasil e pode ser extremamente eficaz se bem manejada. Luiza aponta que mais de 75% das fêmeas são cobertas por touros a campo. “Quando há uma estação de monta bem definida, os resultados reprodutivos e econômicos tendem a ser consistentes”, explica.

Atualmente, muitos criadores adotam uma abordagem híbrida, começando com a inseminação nos primeiros serviços e seguindo com a monta natural para cobrir fêmeas que não engravidaram com a IA. “Esse método combina o avanço genético da IA com a praticidade da cobertura natural”, destaca Luiza.

Para Matheus, as duas técnicas se complementam perfeitamente. “A central é semelhante a um mercado, oferecendo produtos para diferentes focos. O desafio para o criador é saber o que se encaixa na sua propriedade”, afirma.

Diferenciais entre Touro de Central e Touro de Campo

Os touros de central são selecionados rigorosamente desde o nascimento, passando por avaliações fenotípicas, genômicas e testes sanitários. “Eles são certificados como livres de doenças, oferecendo mais previsibilidade para o melhoramento genético”, detalha Luiza.

Na Fazenda Camparino, o acompanhamento também é rigoroso, mas a escolha entre central e campo se dá ao longo do tempo. Matheus explica: “Acompanhamos o desenvolvimento desde o nascimento, durante as pesagens, na desmama… sempre dentro do grupo contemporâneo. Os que se destacam são analisados com atenção: linhagem, mãe, avó, bisavó… a consistência genética é fundamental”.

Ele enfatiza que a seleção não se baseia apenas em números. “Valorizamos a qualidade da carcaça, o rendimento no abate. Afinal, nosso objetivo é produzir carne, então é essencial que o animal tenha características como beleza racial, bons aprumos, um cupim bem posicionado e um dorso retilíneo”.

IA ou Monta Natural: Qual é a Melhor Opção em Custo-Benefício?

A inseminação artificial frequentemente se mostra como a opção com melhor retorno sobre o investimento, mesmo que o custo inicial seja superior. “Em propriedades de cria, o ganho pode alcançar até 30 kg a mais por bezerro”, ressalta Luiza.

Por outro lado, a monta natural possui um custo por gestação inferior, considerando a aquisição e a manutenção do touro. Contudo, a taxa de cobertura pode variar entre 25 e 35 fêmeas por estação, dependendo da idade e da categoria do reprodutor e das fêmeas envolvidas.

Matheus complementa: “A eficiência depende se o touro é jovem e se cobre novilhas ou vacas. É preciso uma boa combinação. Não existe uma regra fixa”.

Os especialistas concordam que a decisão deve estar alinhada com a realidade e os objetivos de cada propriedade. “Não adianta adquirir sêmen de um touro de alta qualidade sem ter clareza do que se deseja produzir”, alerta Matheus.

Conclusão: O Planejamento é Fundamental

A escolha entre um touro de central e um touro de campo deve ser fundamentada em um planejamento cuidadoso. Avaliar o sistema de produção, a estrutura da fazenda e os objetivos desejados é vital para tomar decisões informadas e eficazes.

Como Matheus sintetiza: “O que realmente define a qualidade de um touro é o que ele deixa no campo. O verdadeiro teste é a qualidade do bezerro que chega ao chão”, conclui.

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