Impactos do Tarifaço nas Exportações
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, indicou que 35,9% das exportações do Brasil poderão ser afetadas devido às novas tarifas propostas pelos Estados Unidos. Essa estimativa considera cerca de 700 produtos que foram excluídos da lista de tarifas de 50% contra o Brasil. Durante sua participação no programa Mais Você, da Rede Globo, Alckmin enfatizou que o governo está comprometido em reduzir os efeitos negativos dessa medida, priorizando a preservação de empregos.
“Defenderemos as exportações atingidas e nos concentraremos em proteger os postos de trabalho, realizando estudos para entender os setores mais impactados”, afirmou Alckmin, destacando a necessidade de uma ação rápida e eficaz.
Em uma carta enviada ao governo brasileiro em 9 de julho, o então presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que as tarifas sobre as exportações brasileiras começariam a valer a partir de 1º de agosto. Contudo, na última quarta-feira (30), a administração americana decidiu adiar essa data para 6 de agosto, além de apresentar uma lista de produtos que estariam isentos dessas taxas, como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes, aeronaves civis e seus componentes.
Entretanto, produtos como café, frutas e carnes não estão na lista de exceções e, portanto, sofrerão a nova tarifa.
Setores Atingidos e Planos do Governo
Alckmin analisou que a severidade dessa taxação varia conforme o setor exportador. “Setores que dependem fortemente das importações dos EUA para a continuidade de suas operações estão mais vulneráveis”, comentou. Ele exemplificou que algumas indústrias podem exportar uma quantidade significativa de sua produção, enquanto outras, que dependem mais do consumo interno, podem sentir menos o impacto.
O governo já está desenvolvendo um plano de ação focado em minimizar os danos e salvaguardar empregos. “O plano está quase pronto, mas ainda está sob avaliação, considerando que foram apresentados novos detalhes do tarifaço apenas recentemente”, explicou Alckmin. Ele ressaltou que o presidente Lula está ciente da situação e que a proposta será revisada com atenção.
“A nossa prioridade é reduzir os 35,9% que foram mais afetados pela tarifa. Não consideramos o assunto encerrado; as negociações continuarão”, declarou.
A busca por alternativas de mercado também está no radar do governo. Além disso, Alckmin mencionou o apoio a setores específicos que necessitam de assistência, como o de frutas, pescado e mel. “Vamos expandir a lista para incluir mais frutas e carne bovina, por exemplo, o que foi inicialmente esquecido”, acrescentou.
Explorando Novos Mercados
O vice-presidente reiterou a importância de encontrar novos mercados para os produtos brasileiros, a fim de evitar a queda na produção. “Com cerca de 2% do PIB mundial, o Brasil precisa se empenhar em expandir seu comércio agrícola”, comentou. Ele lembrou que o Brasil já abriu 398 novos mercados e destacou o protagonismo do país nas áreas alimentar e energética.
Alckmin também mencionou acordos comerciais recentes do Mercosul, como o firmado com Singapura e outro que deve entrar em vigor com a União Europeia ainda este ano. “Esses acordos têm potencial para beneficiar o comércio exterior brasileiro”, afirmou, citando os 27 países ricos que integram a União Europeia.
A Soberania em Debate
Outro ponto crucial abordado por Alckmin foi a questão da soberania, que, segundo ele, deve ser inegociável. “Não podemos permitir que uma nação interfira em outra. Vale lembrar que o presidente Lula enfrentou um longo período de encarceramento e nunca tentou subverter a democracia”, declarou.
Alckmin informou que o presidente Lula se reuniu com ministros da Suprema Corte para elaborar um documento em resposta à interferência externa, reafirmando a separação dos poderes no Brasil. “Não podemos aceitar que haja consequências comerciais por decisões judiciais”, concluiu o vice-presidente, destacando a necessidade de conversas contínuas com autoridades norte-americanas e representantes do setor tecnológico.