tarifa de 50% e Seus Efeitos no Setor Alimentício

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de instituir uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros promete trazer consequências significativas para os preços da carne bovina utilizada na produção de hambúrgueres no país. Essa previsão foi feita por comerciantes e analistas nesta quinta-feira (10), em um momento em que os fabricantes de alimentos enfrentam crescentes desafios devido à dependência de importações, em meio a uma queda acentuada na produção local.

A proposta se revela um verdadeiro obstáculo para as empresas de carne dos EUA, que já lidam com uma escassez de gado, resultado da interrupção das importações de animais vivos do México, causada pela proliferação da mosca da bicheira, uma praga que afeta diretamente o rebanho.

“Caso essa situação não seja reavaliada, as importações de carne bovina brasileira para os Estados Unidos serão praticamente interrompidas”, advertiu Bob Chudy, consultor para empresas norte-americanas que atuam com carne bovina. “Desta forma, nem uma libra será viável a esses preços.”

Preços Recordes e Produção em Queda

Os preços da carne bovina no mercado americano atingiram níveis recordes neste ano, e as projeções indicam uma redução de 2% na produção, totalizando 26,4 milhões de libras, após os pecuaristas reduzirem o rebanho ao menor número em mais de setenta anos. A prolongada estiagem também teve um papel crucial, tornando as pastagens inviáveis e inflacionando os custos para alimentar os animais, levando muitos produtores a repensar a criação de gado.

Para contornar a situação, os fabricantes de alimentos têm aumentado suas importações. Dados recentes do governo dos EUA mostram que as importações de carne bovina brasileira mais que dobraram nos primeiros cinco meses do ano, alcançando 175.063 toneladas — representando 21% do total das importações de carne bovina dos EUA.

Com a nova tarifa de 50% prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, a taxa aplicada à carne bovina brasileira pode saltar para cerca de 76% até o fim do ano, segundo analistas do setor.

O Congelamento do Mercado e o Impacto nos Consumidores

“Essa medida está paralisando o mercado neste momento”, afirmou Chudy, referindo-se à proposta da tarifa. “Como comunidade importadora, estamos sem saber como proceder.” Os consumidores nos Estados Unidos também podem sentir o peso de aumentos substanciais em produtos essenciais, como café e suco de laranja, à medida que a inflação se acentua.

Vale lembrar que os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China, e essa tarifa representa um aumento significativo em relação aos 10% que Trump havia anunciado anteriormente em abril. Já naquela ocasião, a tarifa inicial começara a desacelerar as importações de carne bovina brasileira em junho, conforme relataram os comerciantes.

As empresas americanas costumam importar carne magra do Brasil e de outros países para misturá-la com a produção local na fabricação de hambúrgueres. Até o momento, os consumidores demonstraram disposição em arcar com preços mais altos pela carne, mas a introdução dessa nova tarifa representará um desafio adicional à demanda.

“A tarifa provavelmente elevará os preços da carne bovina, um item fundamental para muitos, especialmente agora que o Congresso votou pela redução da assistência alimentar destinada aos consumidores mais vulneráveis”, ponderou Thomas Gremillion, diretor de política alimentar da Consumer Federation of America.

A Busca por Novos Fornecedores

De acordo com Austin Schroeder, analista de commodities da Brugler Marketing & Management, a tarifa forçará os importadores a desembolsar mais pela carne bovina brasileira ou a buscar outros fornecedores, que serão mais dispendiosos. “Isso, sem dúvida, irá pressionar os preços”, comentou.

Após a implementação das tarifas sobre produtos brasileiros, é provável que os importadores de carne voltem seus olhares para países como Austrália, Argentina, Paraguai e Uruguai, na busca de alternativas. “A realidade é que a carne bovina brasileira estará escassa por aqui”, concluiu Altin Kalo, economista-chefe do Steiner Consulting Group.

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