Interrogatórios de Réus do Núcleo 3: Uma Fase Crucial
Na segunda-feira, dia 28 de julho, o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou os interrogatórios dos réus envolvidos no núcleo 3 da trama golpista. Este núcleo, um dos quatro alvos de denúncia aceita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), é considerado responsável por planejar ações táticas que incluem monitoramento de alvos, sequestros e até execução de autoridades. O grupo é composto por dez réus, sendo nove deles conhecidos como “kids pretos” e um policial federal.
Esses interrogatórios foram agendados após a finalização dos depoimentos das testemunhas indicadas pelos réus, que incluem tanto militares da ativa quanto da reserva do Exército, além do agente Wladimir Matos Soares. Durante essa fase processual, os acusados serão interrogados pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do caso, pela acusação da PGR e pelos advogados dos réus. O formato escolhido para esses interrogatórios é o de videoconferência, uma alternativa que se tornou comum em tempos de pandemia.
De acordo com a denúncia da PGR, o grupo tinha como objetivo assassinar figuras-chave do governo atual, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin. A motivação por trás dessa trama era manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder, mesmo após sua derrota nas eleições.
Carta e Estratégias Golpistas
A PGR também revelou que, em 28 de novembro de 2022, dias após a vitória de Lula nas urnas, os réus se reuniram para elaborar uma carta com conteúdo golpista, destinada aos comandantes das Forças Armadas. O conteúdo desta carta foi descrito como uma tentativa de incitar uma mobilização social que favorecesse uma ação golpista em apoio a Bolsonaro e seus apoiadores.
O plano do grupo incluía ações que poderiam causar grande repercussão e impacto social, o que, segundo a acusação, seria um passo em direção a um golpe de Estado. A lista dos réus do núcleo 3 é composta por figuras de alta patente no Exército e inclui:
- Bernardo Romão Correa Netto – coronel do Exército;
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira — general da reserva do Exército;
- Fabrício Moreira de Bastos — coronel do Exército;
- Hélio Ferreira Lima — tenente-coronel do Exército;
- Márcio Nunes de Resende Júnior — coronel do Exército;
- Rafael Martins de Oliveira — tenente-coronel do Exército;
- Rodrigo Bezerra de Azevedo — tenente-coronel do Exército;
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior — tenente-coronel do Exército;
- Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros — tenente-coronel; e
- Wladimir Matos Soares — policial federal.
Interrogatório Virtual e Procedimentos
Os interrogatórios do núcleo 3 serão conduzidos de forma virtual, em contraste com o que ocorreu no núcleo 1. O primeiro a ser ouvido será Bernardo Romão Correa Netto, e a sequência dos demais réus seguirá a ordem alfabética. Todos os acusados devem participar da sessão virtual para responder às perguntas elaboradas pelos envolvidos no processo.
Os advogados têm permissão para estar presentes junto de seus clientes durante os interrogatórios, garantindo que os direitos dos réus sejam respeitados. Essa fase é crucial para o andamento do processo e poderá resultar em novas revelações sobre a extensão da trama golpista.