Vasques Defende Ações da PRF Durante Interrogatório

Silvinei Vasques, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), fez uma declaração assertiva nesta quinta-feira (24/7) ao prestar depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF). Durante a oitiva, que faz parte das investigações sobre uma suposta trama golpista, ele negou categoricamente que a PRF tenha barrado ônibus que transportavam eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022.

Vasques enfatizou que em reuniões sobre o planejamento para as eleições, incluindo uma no Ministério da Justiça, jamais foi mencionado que a PRF tomaria partido. “Não recebi ordens para qualquer tipo de bloqueio. Não houve essa prática. A PRF não impediu que nenhum cidadão votasse, conforme se pode constatar na própria apuração”, assegurou.

O ex-diretor acrescentou que a corporação não registrou, oficialmente, relatos de eleitores impedidos de votar devido a ações da PRF. “A operação da PRF, de fato, não levou a que alguém deixasse de votar. No que diz respeito às operações, estava tudo dentro da legalidade”, afirmou.

Contexto das Blitzes e a Segurança no Trânsito

Quando o assunto se voltou para os veículos parados durante blitzes da PRF, Vasques sustentou que a maioria dos ônibus interceptados apresentava problemas mecânicos ou estavam em condições irregulares que poderiam afetar a segurança no trânsito. Ele citou um exemplo: “No dia 30 de outubro de 2022, foram 13 ônibus recolhidos. A grande maioria estava no Nordeste. Eles apresentavam questões mecânicas e, por isso, não podiam circular. As abordagens demoravam, em média, entre cinco a 15 minutos. O policial, ao abordar, não tinha como saber se o ônibus pertencia a apoiadores de Lula ou Bolsonaro”, destacou.

A defesa de Vasques reitera que as ações tiveram o objetivo de garantir a segurança dos cidadãos nas estradas, e não de cercear o acesso às urnas, conforme sugerido por alguns críticos.

Prisão e Acusações de Golpe

Silvinei Vasques foi preso em agosto de 2023 sob a ordem do ministro Alexandre de Moraes, que o investigou por supostamente tentar interferir no resultado do segundo turno das eleições de 2022 para favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Após um ano detido no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, sua prisão preventiva foi revogada. Moraes considerou que os motivos que fundamentaram a detenção já não se aplicavam.

Quem são os Réus do Núcleo 2?

Na investigação em curso, além de Silvinei Vasques, outros réus fazem parte do chamado núcleo 2:

  • Fernando de Sousa Oliveira – ex-secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública do DF;
  • Filipe Garcia Martins Pereira – ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência do governo Bolsonaro;
  • Marcelo Costa Câmara – coronel do Exército e ex-assessor de Bolsonaro;
  • Marília Ferreira de Alencar – delegada da Polícia Federal e ex-subsecretária de Segurança Pública do Distrito Federal;
  • Mario Fernandes – general da reserva do Exército.

Esses indivíduos são acusados de utilizar a máquina pública, especialmente a PRF, com a intenção de dificultar o acesso de eleitores às urnas no segundo turno das eleições de 2022, um contexto especialmente sensível no Nordeste, reduto eleitoral de Lula e da oposição a Bolsonaro.

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