Proposta Polêmica em Meio a Investigações

O senador Izalci Lucas (PL-DF) está à frente de um projeto de lei que visa alocar recursos públicos para a Confederação Brasileira de Games e Esports (CBGE), uma entidade que já esteve em meio a controvérsias. Em uma audiência realizada na Câmara dos Deputados em novembro de 2023, Alejandro Parrilla, ex-representante da CBGE, fez a defesa da regulamentação dos jogos eletrônicos no Brasil, um tema em crescente discussão.

Contudo, Parrilla também foi um dos alvos da operação Korban da Polícia Federal, que investiga supostos desmandos em emendas parlamentares direcionadas à Associação Moriá, localizada no Distrito Federal. Entre os senadores que enviaram emendas para a entidade, destaca-se o próprio Izalci Lucas.

A operação Korban revelou que a empresa Millenium Eventos, da qual Parrilla é sócio, foi subcontratada pela Associação Moriá. A coluna Grande Angular revelou que a Millenium recebeu cerca de R$ 1 milhão da associação para alugar equipamentos e fornecer suporte a eventos relacionados a jogos eletrônicos no Rio de Janeiro.

CBGE e Suas Relações

Durante a audiência no Congresso, Alejandro Parrilla argumentou que a regulamentação dos esportes eletrônicos poderia ajudar a combater a vulnerabilidade social entre os jovens, integrando-os ao mercado de trabalho através de times e federações. Ao ser questionada pela coluna, a CBGE afirmou que não mantém qualquer ligação atual com Parrilla, mas não esclareceu a relação anterior dele com a entidade durante a audiência.

Desde julho de 2024, a CBGE é presidida por Leonardo Fontes do Rêgo, que iniciou uma investigação interna para apurar qualquer vínculo anterior entre Parrilla e a confederação. O projeto de Izalci, que é o PL 6.118, pretende incluir a CBGE no Sistema Nacional do Desporto, garantindo a ela 0,04% da arrecadação de loterias.

Em sua justificativa, o senador destaca a importância da CBGE no cenário dos esportes digitais, mencionando que a proposta surgiu em um momento que precedia um grande evento internacional de jogos eletrônicos no Brasil. Ele defende que o Estado deve assumir sua responsabilidade de fomentar práticas esportivas, tanto formais quanto informais, respeitando o artigo 217 da Constituição que assegura esse direito.

Recursos Potenciais e Ligações Controversas

O senador argumenta que, com os dados de arrecadação da Caixa Econômica Federal em 2023, a CBGE poderia receber uma quantia aproximada de R$ 9 milhões. No entanto, o projeto está parado no Congresso desde 2024, sem avanços significativos.

A operação Korban, iniciada no final de julho, tem como objetivo investigar a Associação Moriá e suas práticas financeiras envolvendo emendas parlamentares, notando possíveis irregularidades que podem ter causado um desvio de R$ 13,2 milhões dos cofres públicos.

Durante a busca e apreensão feita pela Polícia Federal, foram identificados indícios de direcionamento de subcontratações e empresas de fachada, o que levanta ainda mais questões sobre a transparência na gestão de recursos públicos.

Defesa do Senador e Posição da CBGE

Em resposta aos questionamentos sobre seu projeto, Izalci Lucas se desvinculou de qualquer relação com a CBGE ou com Alejandro Parrilla, enfatizando que a sugestão do projeto veio de uma demanda que ele considerou pertinente. Ele ressaltou que a proposta surgiu em meio ao crescente interesse por e-sports, especialmente tendo em vista a realização de eventos internacionais no Brasil.

“Recebemos diversas demandas no gabinete sobre e-games, que é um dos esportes mais praticados do mundo. Apesar de ter apresentado o projeto, não tenho ligações com a CBGE”, afirmou o senador.

Izalci também mencionou a necessidade de um acordo entre a CBGE e a Confederação Brasileira de Desportos Eletrônicos (CBDEL) para prosseguir com a proposta, destacando que a regulamentação dos jogos digitais se tornou ainda mais complexa após a aprovação de novas leis.

A CBGE, por sua vez, reafirmou que não possui qualquer relação com Alejandro Parrilla e que está comprometida com a boa gestão e transparência. O presidente Leonardo Fontes do Rêgo indicou que a organização está tomando medidas internas para investigar possíveis vínculos anteriores.

Até o fechamento deste artigo, o espaço permanece aberto para que Alejandro Parrilla se manifeste sobre as alegações e investigações em andamento.

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