Operação Atinge Esquema de corrupção na Prefeitura
Apontado como o operador financeiro do prefeito afastado de São Bernardo do Campo, Marcelo Lima (Podemos), Paulo Iran Paulino Costa permanece foragido da Justiça. Sua situação se agravou um dia após a deflagração da Operação Estafeta, realizada pela Polícia Federal (PF), que investiga um suposto esquema de corrupção na cidade localizada na Grande São Paulo.
Considerado uma peça-chave na trama que culminou no afastamento do prefeito, Iran é acusado de utilizar dinheiro de propinas para custear despesas pessoais da família de Marcelo Lima. Relatos indicam que ele quitava, por exemplo, faturas de cartão de crédito, passagens aéreas e até mesmo a mensalidade da faculdade de medicina da filha do prefeito. Em uma operação anterior, a PF havia encontrado R$ 14 milhões em espécie na residência de Paulo Iran.
Iran estava lotado no gabinete do deputado estadual Rodrigo Moraes (PL) e foi exonerado no mesmo dia em que a Justiça decretou sua prisão preventiva, a pedido da PF. Entretanto, ele não foi localizado e se tornou oficialmente um foragido.
Dinheiro Apreendido e Redes de corrupção
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Na residência de Paulo Iran, a PF já havia realizado uma operação em junho, encontrando mais de R$ 12 milhões e cerca de US$ 157 mil, além de R$ 583 mil que estavam no carro do servidor. A investigação revelou que ele mantinha anotações com codinomes para gerenciar os valores, que eram entregues em mochilas e caixas de papelão.
De acordo com as investigações, Paulo Iran recebia recursos de pelo menos 15 empresas ligadas aos setores de saúde e obras da Prefeitura de São Bernardo do Campo. Um exemplo é a Quality Medical, que também foi alvo da operação policial, acusada de realizar repasses que somam R$ 670 mil.
Para facilitar suas comunicações, Iran utilizava um telefone paralelo, onde trocava mensagens codificadas sobre os valores com a ajuda de Antônio Renê da Silva Chagas, um funcionário da prefeitura.
Alvos da Operação e Conexões Suspeitas
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Além de Paulo Iran, a operação atinge outros alvos. Antonio Renê da Silva Chagas, conhecido como Renegade, atuava na divisão do dinheiro obtido pelo esquema. As evidências indicam que os valores eram entregues aos beneficiários em mochilas e caixas de papelão.
Outro nome relevante é Fabio Augusto do Prado, secretário de Coordenação Governamental, que foi flagrado em conversas de WhatsApp discutindo “a chegada de valores” que seriam recebidos em dinheiro fracionado.
Roque Araújo Neto, um servidor da Câmara Municipal de São Bernardo do Campo, também é mencionado nas anotações de Paulo Iran, com um crédito de R$ 390 mil associado ao seu nome.
Os sócios da Quality Medical, Felipe Rafael Pereira Fabri e Caio Henrique Pereira Fabri, estão entre os alvos porque suas empresas aparecem associadas a valores expressivos nas anotações de Iran. Além disso, sócios do Consórcio São Bernardo Soluções e da Terraplanagem Alzira Franco também são alvo de investigações.
Vereadores Envolvidos e Anotações Comprometedoras
Os vereadores Danilo Lima de Ramos e Ary José de Oliveira aparecem em comunicações entre Paulo Iran e Fabio Augusto Prado, com indícios de depósitos relacionados a negócios pessoais e valores significativos associados a ambos.
O ex-secretário de Administração, Paulo Sérgio Guidetti, também é mencionado, com informações que levantam suspeitas sobre sua participação no esquema.
O Metrópoles tenta entrar em contato com a defesa de Paulo Iran e de outros investigados. O espaço está aberto para manifestações.