A mobilização mais significativa ocorrida no Rio de Janeiro nos últimos cinco anos foi a juntar todas as forças políticas, empresas e a mídia na luta pela revitalização do Aeroporto Internacional do Galeão. Neste contexto, o aeroporto enfrentava um processo de decadência causado por interesses mal orientados, resultando em prejuízos abrangentes: a perda de um grande número de empregos, a diminuição da carga movimentada para o Estado e uma queda na competitividade da indústria fluminense. Além disso, essa situação acarretou uma redução na arrecadação de tributos e impactou negativamente o setor turístico local.
Iniciado há aproximadamente cinco anos sob a liderança da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), esse movimento mobilizou, gradualmente, uma vasta gama de representantes empresariais. Primeiramente, a Associação Comercial do Rio de Janeiro se uniu ao esforço, seguida por importantes entidades como a Fecomércio, Firjan e Rio Indústria, além de instituições acadêmicas locais como a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e diversas universidades, mostrando um amplo apoio em prol do desenvolvimento econômico do estado.
No cenário político, a Prefeitura do Rio de Janeiro também apoiou firmemente essa movimentação, destacando o envolvimento ativo do prefeito Eduardo Paes e de um grupo expressivo de vereadores e deputados em níveis municipal, estadual e federal. No governo do estado, foi notável a sinergia entre vários secretários e até mesmo do governador, demonstrando que a luta pela recuperação do Galeão transcendeu as divisões partidárias e ideológicas, convergindo em um objetivo comum de revitalização econômica.
Para mim, essa mobilização teve um significado profundo. Além de minha experiência como secretário responsável por assuntos dessa natureza em um nível estadual, sou residente da Ilha do Governador e posso confirmar a importância do Aeroporto do Galeão para a economia local e fluminense como um todo. Durante esse período, participei ativamente de diferentes audiências públicas, representando a ALERJ, onde eu era diretor-geral, ou o Clube de Engenharia, onde sou membro. Os debates sempre apontaram para uma direção positiva, refletindo um consenso em torno da relevância do Galeão.
Recentemente, uma atitude proativa do presidente Lula, ao visitar o Rio de Janeiro, trouxe uma solução definitiva para esse dilema. Ele estabeleceu limites claros para a movimentação de passageiros no Aeroporto Santos Dumont, fixando um teto de aproximadamente 6,5 milhões por ano. Esta medida resultou em um crescimento explosivo na quantidade de passageiros atendidos pelo Galeão, com um aumento superior a 100%, além de sua reabilitação como um hub internacional de voos, o que teve um efeito benéfico sobre o turismo. Aumento na captação de carga torna o Galeão uma opção ainda mais competitiva em relação a outros aeroportos do país.
Contudo, durante esse processo, surgiram diversos lobistas que, disfarçados de defensores da “liberdade econômica”, tentaram reforçar a posição de companhias aéreas que se beneficiariam do crescimento do Santos Dumont em detrimento do Galeão. Felizmente, o movimento em defesa do Galeão prevaleceu. Recebemos um suporte decisivo do estado do Rio, que incluiu a redução do ICMS sobre o querosene de aviação, promovendo O Galeão como um ponto central para voos. Essa mudança sinalizou aos investidores a retoma que se mostra irreversível.
Um dos marcos dessa jornada foi a mudança de estratégia da Changi, a operadora do Aeroporto de Singapura, que decidiu reinvestir no Galeão, interrompendo seu plano de desmobilização. Com 49% de participação da Infraero, a Changi está novamente fortalecendo seus investimentos, resultando em impactos positivos, como o restabelecimento da oficina de manutenção de aeronaves da Varig pela United, o que gera centenas de novos postos de trabalho.
Entretanto, essa mobilização, que foi coroada com a decisão histórica do presidente Lula e o apoio de entes públicos e privados, agora enfrenta um novo desafio. Recentemente, recebemos um comunicado preocupante do atual secretário de Aviação Civil, solicitando que o Aeroporto Santos Dumont ampliassse sua capacidade de 6,5 milhões para 10 milhões de passageiros por ano. Essa iniciativa representa uma ameaça inaceitável e desrespeitosa para a sociedade fluminense, além de ignorar a lógica econômica que sustentou todo o esforço de revitalização do Galeão.
As razões por trás desse pedido não são claras e levantam suspeitas sobre interesses ocultos que podem estar influenciando essa decisão, possivelmente derivados de empresas que não estão dispostas a perder espaço para o Galeão. É inaceitável que iniciativas possam surgir desse órgão, desrespeitando a sociedade e a economia do estado.
Como cidadão e engenheiro, estou em total desacordo com essa proposta e preocupado com a falta de respeito demonstrada para com as instituições fluminenses. Acredito firmemente que essa posição será condenada por todos, incluindo o presidente Lula, que não aceitará movimentos que sugiram um desvio de suas ações e compromissos.
Este texto é um apelo à unidade e resistência contra essa proposta descabida, que, apesar de parecer discreta, clama por atenção e revela interesses ocultos que não servem ao povo fluminense. A mídia local também deve desempenhar um papel crucial ao investigar os interesses não transparentes por detrás dessa nova manobra, que, embora silenciosa, ecoa como um ruído perturbador no atual cenário econômico do estado.