Análise das Implicações do horário de verão

O Ministério de Minas e Energia (MME) sinalizou a intenção de reavaliar a implementação do horário de verão para o ano de 2025, embora ainda não haja uma decisão oficial. A recente divulgação dessa informação à imprensa, feita na última semana, destaca a análise em curso sobre as melhores estratégias para lidar com os desafios do sistema energético brasileiro.

Conforme o ministério, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) está constantemente monitorando a operação do sistema, a fim de fornecer dados atualizados que auxiliem as autoridades na formulação de uma decisão técnica coordenada.

A avaliação inclui a análise de estudos prospectivos que visam assegurar o atendimento ao pico de demanda energética, focando especialmente na crescente contribuição das fontes renováveis, como as usinas solares e fotovoltaicas, que apresentam geração não despachável.

Riscos de Déficit e Medidas Necessárias

Recentemente, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou o Plano de Operação Energética para o período de 2025 a 2029, ressaltando o risco de déficit de potência. Neste contexto, o ONS alertou para a urgência de medidas que garantam um equilíbrio entre a oferta e a demanda de energia.

Alexandre Zucarato, diretor de Planejamento do ONS, declarou que a volta do horário de verão poderá ser considerada uma medida “imprescindível” para atenuar os riscos e assegurar o fornecimento de energia durante os períodos de maior consumo.

Histórico do horário de verão no Brasil

O horário de verão, que foi geralmente implementado entre outubro/novembro e fevereiro/março, esteve presente na realidade brasileira por mais de 30 anos, visando principalmente a economia de energia elétrica ao aproveitar melhor a luz natural durante as tardes.

No entanto, em 2019, sob a administração de Jair Bolsonaro, a prática foi suspensa oficialmente. Desde então, as discussões sobre os efeitos e a real necessidade da adoção do horário de verão têm permeado o cenário político e energético do país.

Impactos Positivos do horário de verão

A economia de energia em horários de pico é um dos principais benefícios associados ao horário de verão. Historicamente, essa medida contribuía para a diminuição do consumo elétrico no fim da tarde, quando a demanda nas residências e no comércio é mais elevada. Através do ajuste dos relógios, a luz natural é aproveitada por mais tempo, reduzindo a dependência de iluminação artificial e o uso de aparelhos elétricos.

Essa diminuição, embora parcial, ajuda a aliviar a carga sobre o sistema elétrico, especialmente durante os meses mais quentes, quando a demanda por resfriamento é intensa.

Benefícios Econômicos

Além da economia energética, o horário de verão também apresenta vantagens para a economia, especialmente para os setores de comércio e serviços. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) se posiciona a favor do retorno da medida, destacando seu impacto positivo nas vendas.

Conforme a Abrasel, a adoção do horário de verão pode aumentar a circulação de pessoas entre 18h e 21h, horários cruciais para o faturamento desses negócios. Em análises realizadas em estados como Rio de Janeiro e Espírito Santo, foi observado que o movimento em bares e restaurantes pode crescer até 50%, refletindo em um aumento de 10% a 15% no faturamento mensal das pequenas empresas.

Opinião da Abrasel e Pesquisa sobre a Medida

Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel, enfatizou que a volta do horário de verão representa uma solução de baixo custo, tecnicamente apoiada pelo ONS, capaz de impactar positivamente o sistema energético, a economia e a qualidade de vida nas cidades. Ele ressaltou que ainda há tempo para que o governo planeje a retoma da medida para 2025, e expressou esperança de que as recomendações técnicas sejam consideradas com seriedade.

Uma pesquisa realizada pelo portal Reclame Aqui em 2024 revelou que há um forte apoio popular ao retorno do horário de verão, com 41,85% dos entrevistados se mostrando totalmente favoráveis à medida.

Desafios e Críticas ao horário de verão

Apesar dos benefícios, a volta do horário de verão não é isenta de críticas. Questionamentos sobre sua eficácia e os impactos sociais têm sido levantados. Alterações no sono e os efeitos em grupos vulneráveis, como crianças e idosos, são preocupações frequentes. Além disso, a adaptação nas rotinas escolares e de trabalho é um aspecto que gera debate.

A crescente relevância das fontes renováveis de energia, como a solar e a eólica, também suscita dúvidas sobre a efetividade do horário de verão, considerando suas características de geração intermitente.

Decisão Final e Expectativas para 2025

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico continua a monitorar o sistema energético nacional de forma rigorosa. A recomendação sobre o retorno do horário de verão em 2025 será baseada em análises técnicas e atualizadas, priorizando a adequação entre oferta e demanda de energia.

Se a medida for reimplementada, será crucial que o governo realize um planejamento cuidadoso e intensifique a comunicação com a população, preparando os cidadãos para as mudanças necessárias em suas rotinas.

O ano de 2025 pode ser um marco para a reintrodução do horário de verão no Brasil, visando garantir maior segurança no fornecimento energético e beneficiar setores da economia que dependem dessa prática. A decisão final levará em conta uma análise minuciosa dos custos, benefícios e impactos sociais.

Conclusão

A discussão sobre o possível retorno do horário de verão em 2025 congrega técnicos, governantes, economistas e a população em geral. Com um histórico que marca décadas na história brasileira, essa medida emerge como uma solução potencial diante dos desafios energéticos que o país enfrenta atualmente, especialmente considerando o risco de déficit na geração de energia. A expectativa é que, sob a supervisão do Ministério de Minas e Energia e do ONS, a eventual decisão seja pautada em fundamentos técnicos e sociais, com o objetivo de promover benefícios tangíveis ao país e reduzir impactos negativos.

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