A Recompensa Dobrou
Nesta quinta-feira, 7 de agosto, o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um aumento significativo na recompensa por informações que possam levar à prisão de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. O montante foi elevado de 25 para 50 milhões de dólares, o que equivale a cerca de 272 milhões de reais. O anúncio foi feito sob forte acusação de que Maduro estaria ligado ao narcotráfico.
“Ele é um dos maiores narcotraficantes do mundo e representa uma séria ameaça à nossa segurança nacional”, declarou a procuradora-geral, Pam Bondi, em um vídeo postado em sua conta na rede social X. Bondi também se referiu ao regime de Maduro como um “regime de terror” e enfatizou que a reeleição do presidente venezuelano em 2018 foi uma farsa, segundo a perspectiva de Washington.
Reação da Venezuela
Em resposta a essas afirmações, o chanceler da Venezuela, Yván Gil, criticou duramente a declaração de Bondi. Em uma mensagem no Telegram, ele chamou a recompensa de “patética” e a descreveu como a “cortina de fumaça mais ridícula” que já havia visto. “Esse show é uma piada, uma distração desesperada de suas próprias misérias”, disparou Gil, reforçando que a dignidade da nação venezuelana não está à venda e repudiando a ação como uma grotesca operação de propaganda política.
Bondi, por sua vez, acusou Maduro de utilizar organizações criminosas, como o Tren de Aragua e o Cartel de Sinaloa, para inserir drogas e violência nos Estados Unidos. Segundo a procuradora, a agência antidrogas americana, a DEA, já confiscou cerca de 30 toneladas de cocaína vinculadas ao presidente venezuelano e seus aliados, com quase sete toneladas associadas diretamente a Maduro.
Impacto do Narcotráfico
De acordo com Bondi, a cocaína, frequentemente misturada com fentanil – um opioide sintético que vem causando devastação nos Estados Unidos – representa a principal fonte de renda para os cartéis ativos na Venezuela e no México. Além disso, o Departamento de Justiça dos EUA informou ter confiscado mais de 700 milhões de dólares em ativos relacionados a Maduro, incluindo jatos privados e veículos luxuosos.
A procuradora enfatizou que a recompensa foi dobrada como parte de um esforço contínuo para garantir que Maduro não escape da Justiça e que ele seja responsabilizado por seus crimes. Bondi ainda forneceu um número de telefone para que o público possa colaborar com informações que levem à captura do líder venezuelano.
Relações Diplomáticas Fracas
As relações entre Estados Unidos e Venezuela estão rompidas desde o primeiro mandato de Trump, que ocorreu entre 2017 e 2021. Em 2020, Washington formalizou acusações contra Maduro por narcoterrorismo e conspiração relacionada ao tráfico de drogas, inicialmente oferecendo 15 milhões de dólares por informações que possibilitassem sua captura. Desde então, o valor foi elevado pela administração de Joe Biden para 25 milhões.
A apresentação de acusações contra um chefe de Estado por parte do governo americano é uma ação rara, já tendo ocorrido em 1988 com o então presidente do Panamá, Manuel Noriega, antes da intervenção militar para sua derrubada. Tanto o governo Biden quanto o de Trump reconheceram como “presidente legítimo” da Venezuela o opositor Edmundo González Urrutia, que reivindica sua vitória nas eleições de 2024.
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Sanções e Acordos em Debate
A Casa Branca tem acusado o regime chavista de manter controle sobre o Tren de Aragua, classificado como “organização terrorista global” por Washington, embora isso não tenha impedido a negociação para a libertação de cidadãos americanos detidos na Venezuela. Recentemente, o chefe da diplomacia dos EUA, Marco Rubio, anunciou a libertação de dez americanos, um acordo mediado, entre outros, por El Salvador.
A hostilidade de Trump em relação a Maduro teve início logo em seu primeiro mandato. Em 2019, ele reconheceu o opositor Juan Guaidó como “presidente interino” da Venezuela e impôs uma série de sanções, incluindo o embargo ao petróleo, na esperança de provocar a queda do governo chavista. Contudo, a oposição venezuelana decidiu encerrar o simbólico governo interino de Guaidó em janeiro de 2023, colocando fim a uma fase conturbada da política venezuelana.