Dados obtidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (coaf) revelam uma situação alarmante envolvendo um policial militar do Pará, que teria sacado um montante impressionante de R$ 48 milhões em espécie. As investigações apontam que esses valores são suspeitos de serem utilizados para práticas de corrupção, como pagamento de propinas e compra de votos nas eleições de 2024.

Os saques foram realizados em 15 ocasiões distintas, em duas agências do Banco do Brasil localizadas nas cidades de São Miguel do Guamá e Castanhal. O período mais crítico ocorreu entre junho e outubro de 2024, quando o militar retirou R$ 26 milhões, coincidentemente próximo ao período eleitoral, levantando sérias suspeitas sobre suas intenções.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) segue investigando a conexão do deputado federal Antonio Doido (MDB-PA) com o tenente Francisco Galhardo e as movimentações financeiras suspeitas que este realizou. Galhardo foi preso em outubro de 2024, poucos dias antes do primeiro turno das eleições municipais, ao efetuar um saque de R$ 5 milhões em Castanhal.

Segundo a PGR, esse dinheiro pode ter origem em uma empresa registrada em nome da esposa do deputado Antonio Doido, o que adiciona mais complexidade ao caso. Durante a sua prisão, a Polícia Federal (PF) apreendeu o celular de Galhardo, onde encontrou uma série de mensagens que indicam um esquema articulado de saques substanciais e o transporte subsequente de valores, suspeitando que esses recursos estivessem vinculados a Antonio Doido.

Documentos e conversas do celular indicam que o deputado está diretamente envolvido nas movimentações financeiras. Em uma das mensagens, ele dá instruções claras sobre valores a serem entregues e é mencionado pelo policial como a pessoa responsável pelas ações. No caso específico do saque de R$ 5 milhões, foi identificada uma mensagem na qual o deputado ordena a entrega de R$ 380 mil a uma pessoa chamada Geremias.

A comunicação entre Galhardo e Geremias no dia do saque é reveladora. O tenente foi encaminhado a encontrar Geremias em Castanhal para a entrega do dinheiro, com mensagens trocadas detalhando os horários e a quantia a ser entregue. Ao realizar a prisão, a PF encontrou R$ 4,6 milhões em posse de um homem dentro da agência bancária, enquanto os R$ 380 mil associados à instrução do deputado foram localizados em um veículo estacionado em frente à agência, onde estavam o policial e Geremias.

Além da detenção do tenente, a PF fez outra prisão em janeiro de 2025, desta vez de um assessor de Antonio Doido, que estava em posse de R$ 1,1 milhão. As apreensões suscitaram uma investigação aprofundada por parte da PGR, que busca esclarecer a relação do deputado com esquemas de saque de grandes quantias em dinheiro em instituições bancárias do estado.

A principal preocupação das autoridades é que esses valores tenham origem em desvios de recursos públicos, sendo utilizados potencialmente para corromper o processo eleitoral através da compra de votos. Em um pedido encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a PGR solicitou que as investigações envolvendo os dois casos se unificassem, destacando as descobertas significativas realizadas pela PF após a prisão de Galhardo.

Até agora, a investigação revelou indícios de práticas criminosas ligadas ao exercício da função de deputado federal por Antonio Doido, incluindo o desvio de recursos de contratos públicos e lavagem de dinheiro. Além das acusações relacionadas a crimes fiscais, a PGR também identificou possíveis delitos eleitorais e violações ao sistema financeiro nacional.

Consequentemente, a PGR pediu ao STF a ampliação do foco da investigação, que inicialmente se concentrava apenas em uma possível compra de votos e crimes eleitorais. Informações colhidas pela PF relatam que o grupo, supostamente liderado por Antonio Doido, utiliza um sofisticado sistema de lavagem de dinheiro advindo de recursos públicos desviados, através do pagamento de benesses a servidores públicos.

A defesa do deputado Antonio Doido emitiu uma nota de repúdio ao vazamento de informações sigilosas referentes às investigações em andamento. Segundo os advogados, provarão que todas as alegações são baseadas em suposições e que o deputado já se dispôs a colaborar com as autoridades para esclarecer sua posição e a legalidade de seus atos enquanto parlamentar. A situação continua se desenrolando enquanto as investigações buscam a verdade por trás desse escândalo de corrupção.

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