Detenções Baseadas em Sotaque e Aparência Geram Controvérsia
A recente proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de enviar forças militares para conter a violência em Chicago, gerou reações fervorosas, similar ao que ocorreu anteriormente em Washington. Moradores de Chicago foram às ruas na terça-feira (9 de setembro) para protestar contra essa medida.
Um dos principais pontos de tensão é a possibilidade de que as tropas militares, que já estão nas ruas, realizem detenções de imigrantes. Isso se tornou uma preocupação ainda maior após a autorização da Suprema Corte para operações que podem considerar fatores como idioma e aparência na hora de decidir quem abordar.
A situação em Chicago é delicada. O governo federal iniciou a operação “Operation Midway Blitz”, que visa deter imigrantes indocumentados com antecedentes criminais. Esta ação foi realizada sem aviso prévio às autoridades locais e resultou em detenções em bairros como Lawndale, além de protestos que interromperam o tráfego no centro da cidade.
Por outro lado, autoridades locais, incluindo o prefeito Brandon Johnson e o governador J.B. Pritzker, manifestaram forte desaprovação à intervenção militar. Eles argumentam que essa ação fere a Constituição e não há uma emergência que justifique tal medida. Até o momento, apesar das ameaças de enviar a Guarda Nacional, não há confirmação da presença de tropas federais nas ruas de Chicago.
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Trump defende que suas ações buscam restaurar a ordem em cidades que, segundo ele, se tornaram caóticas sob administrações democratas. Contudo, críticos veem essas medidas como uma escalada de autoritarismo, temendo detenções sem o devido processo legal.
Desafios Legais em Relação à Mobilização Militar
A utilização da Guarda Nacional para operações policiais enfrenta barreiras legais significativas. Especialistas em direito apontam que isso pode violar o Posse Comitatus Act, que proíbe o emprego das Forças Armadas em funções de controle social no território americano. Um caso recente na Califórnia, onde um juiz federal barrou a ação militar em Los Angeles, exemplifica essa preocupação—e esse argumento pode ser igualmente aplicado em Chicago.
Em uma decisão controversa, a Suprema Corte, no dia 8 de setembro, permitiu que agentes federais reiniciassem patrulhas migratórias em Los Angeles, que haviam sido anteriormente bloqueadas por desrespeito a direitos constitucionais. A corte votou 6 a 3, o que agora permite que fatores como raça e sotaque sejam usados como justificativa para abordagens policiais, levantando sérias preocupações sobre o perfilamento racial e suas implicações para a comunidade latina.
Especialistas em direitos civis alertam que essa decisão efetivamente legaliza a discriminação racial, permitindo que agentes parem indivíduos com sotaque, ou que falem espanhol, ou que trabalhem em locais conhecidos por abrangerem imigrantes.
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Com essa autorização judicial, muitos temem que as detenções possam se expandir, especialmente se os militares forem mobilizados para operações de imigração. A escalada de uma política de repressão à imigração está se tornando uma realidade alarmante.
Nova York: Uma Cidade em Alerta
Nova York também está na lista de possíveis áreas para essa operação militar, uma vez que já foi designada como uma “cidade santuário” que protege imigrantes sem documentos. Os republicanos criticam essa política, enquanto a cidade se torna um destino significativo para imigrantes que cruzaram a fronteira nos últimos anos. Desde que Trump assumiu a presidência, a tensão entre as autoridades locais e o governo federal aumentou consideravelmente.
Na cidade, é comum que imigrantes que participam de audiências de asilo sejam abordados por agentes do ICE após deixarem os tribunais, levantando preocupações sobre como seus direitos estão sendo tratados.
Presença Militar em Washington D.C. Até 2025
Em Washington, D.C., a presença militar se tornou uma realidade desde 11 de agosto, quando Trump invocou o Artigo 740 do Home Rule Act para mobilizar a Guarda Nacional local em resposta ao que ele chamou de emergência de segurança pública. Enquanto a justificativa oficial é conter a criminalidade, muitos soldados têm sido vistos em atividades que não correspondem ao que seria esperado, como limpar praças e desmontar acampamentos de pessoas em situação de rua.
Essas ações são parte do programa “Safe and Beautiful Task Force”, cujo progresso foi destacado pela porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitz, durante uma coletiva de imprensa. A iniciativa busca tornar a capital mais segura enquanto dados sobre a criminalidade são apresentados como justificativa para a ação militar.
Além disso, o governo decidiu estender as ordens de serviço da Guarda Nacional até dezembro de 2025, o que sugere que essa mobilização deve se prolongar por mais tempo, assegurando benefícios contínuos aos soldados envolvidos.