eleições Norueguesas: Um Refresco na Geopolítica

Na Noruega, a esquerda, liderada pelo primeiro-ministro trabalhista Jonas Gahr Støre, conquistou uma vitória significativa nas eleições legislativas realizadas no dia 8, garantindo sua permanência no poder. Este pleito, no entanto, foi marcado pela ascensão notável da direita populista anti-imigração, que obteve sua melhor performance desde sua fundação.

Com a apuração quase completa, o bloco de esquerda está prestes a alcançar uma maioria na Assembleia Nacional, o Storting, com 87 das 169 cadeiras. “Era esperado que a disputa fosse acirrada, e assim foi. Sabíamos que teríamos que nos esforçar ao máximo, e conseguimos”, declarou Støre a seus apoiadores, celebrando a vitória.

Desde 2021 à frente do governo, Støre, de 65 anos, assegurou mais um mandato de quatro anos, mesmo que provavelmente à frente de uma administração em minoria, uma situação comum na Escandinávia. O Partido Trabalhista, que liderou as urnas com aproximadamente 28% dos votos, enfrentará o desafio de dialogar com as demais forças de esquerda, com as quais já existem várias divergências.

A Ascensão da Direita Populista

As eleições também foram marcadas pelo desempenho do Partido do Progresso (FrP), uma sigla populista anti-imigração sob a liderança de Sylvi Listhaug, que mais do que dobrou seu desempenho em relação a 2021, alcançando quase 24% dos votos, um marco histórico para a formação. Este crescimento notável foi impulsionado pelo apoio de eleitores mais jovens, especialmente do sexo masculino, levando o partido a se tornar a principal força de oposição, superando os conservadores liderados pela ex-primeira-ministra Erna Solberg.

No contexto de uma Noruega próspera e com uma população de 5,6 milhões, a campanha eleitoral girou em torno de temas internos como custo de vida, desigualdades sociais, saúde, educação e política fiscal, especialmente no que diz respeito ao imposto sobre o patrimônio. Entretanto, não se pode ignorar a influência das tensões geopolíticas no pleito.

O cientista político Johannes Bergh, do Instituto de Pesquisa Social de Oslo, observou que a experiência de Støre como primeiro-ministro e ex-ministro das Relações Exteriores lhe conferiu uma vantagem, dado o desejo de estabilidade dos eleitores, especialmente em um período marcado pela incerteza política internacional, como o retorno de Donald Trump ao poder, as tarifas comerciais e a guerra na Ucrânia.

Um Cenário Geopolítico Complicado

A Noruega, que faz parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mas não integra a União Europeia, mantém uma fronteira com a Rússia no Ártico, o que torna sua política externa ainda mais relevante. A economia do país é fortemente dependente das exportações, especialmente de petróleo.

Além disso, Støre se beneficiou do colapso, no início deste ano, da coalizão que unia os trabalhistas ao Partido do Centro, uma legenda eurocética com foco nos interesses rurais, o que também contribuiu para sua nova vitória.

Diante deste cenário, a Noruega se prepara para os próximos quatro anos com uma administração que, embora tenha garantido a vitória, terá que lidar com a crescente influência de forças de direita no Parlamento, um reflexo das mudanças e desafios que o país enfrenta tanto internamente quanto no cenário internacional.

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