Curso Inova ao Abordar Saúde do Homem e Violência de Gênero

A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE), em colaboração com o Ministério da Saúde, executou um curso intitulado “O cuidado à saúde do homem em contexto de violência e a proteção de meninas e mulheres no âmbito da APS”. O evento ocorreu nos dias 10 e 11 de julho, no auditório do Centro Universitário Estácio do Recife, e visou a capacitação de profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde.

Com o intuito de reforçar a presença da rede de saúde no combate à violência contra meninas e mulheres, o curso também abordou questões relacionadas à saúde do homem e as diversas formas de masculinidades. Essa iniciativa faz parte da Estratégia Nacional da Saúde do Homem e Masculinidades (EQUALISAH), destacando a Atenção Primária como porta de entrada essencial para a identificação de vulnerabilidades e a articulação de cuidados necessários.

“O curso chega em um momento crucial para sensibilizar tanto os profissionais de saúde quanto os gestores sobre a elevada incidência de violência, que se posiciona como a terceira principal causa de óbito e a primeira de internação entre homens de 20 a 59 anos em Pernambuco. Atualmente, o Estado enfrenta um aumento nas violências interpessoais, autoagressões e agressões a mulheres, refletido pelos alarmantes índices de feminicídio. A ideia central é deslocar o olhar do punitivismo para a compreensão de que muitos homens vivenciam a violência desde a infância, sendo esta uma realidade que acabam reproduzindo como algo natural. O curso tem como objetivo preparar as equipes para acolher e dialogar com essa população, oferecendo um cuidado psicossocial e promovendo reflexões sobre masculinidades e seus desdobramentos na sociedade”, explicou Alisson Anjos, coordenador de Saúde do Homem da SES-PE.

Desconstruindo Padrões e Promovendo Direitos

O curso também dedicou tempo para discutir a desconstrução de padrões nocivos de masculinidade, além de fomentar conversas sobre equidade de gênero e direitos humanos, temas esses fundamentais dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). As aulas foram conduzidas por enfermeiros e professores da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, Anderson Reis de Sousa e Nardilene Pereira Gomes.

“Esse evento reveste-se de uma importância significativa, especialmente considerando que o Brasil é um dos países com os maiores índices de violência, particularmente contra mulheres. Estados nordestinos, como Pernambuco, têm por anos figurado entre os que registram os mais altos índices de violência contra a mulher, apresentando características peculiares. É fundamental reconhecer que essa violência é estrutural e que onde ela se manifesta, todos os envolvidos sofrem suas consequências. Estamos dedicados a um trabalho focado no cuidado. O intuito é equipar os profissionais de saúde com ferramentas para atender homens em situações de violência. A questão não é se os homens são agressores, vítimas ou autores. Nosso papel não é na justiça, mas sim garantir que as equipes saibam como atuar de maneira segura e eficaz, utilizando métodos e técnicas apropriadas para enfrentar essa problemática, tanto do ponto de vista clínico quanto psicossocial”, enfatizou Anderson.

O curso contou com a participação de 86 profissionais das macrorregiões I, II e III, totalizando 12 horas de formação. Nardilene destacou a relevância de se fortalecer a Política Nacional de Saúde do Homem. “Nosso objetivo é robustecer essa política, especialmente no que se refere à violência, considerando a dinâmica das relações conjugais. É crucial criar espaço para transformações, o que começa com o acolhimento, acesso a serviços e a compreensão das experiências que esses homens viveram na infância e adolescência, que moldaram suas identidades. Além disso, é fundamental responsabilizar todas as ações que se relacionam ao cuidado e à saúde como um eixo central”, finalizou a professora.

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