Reflexões sobre a Intervenção Militar e seu Impacto

A data de 8 de janeiro de 2023 remete a uma questão que ainda gera intensos debates: o que teria acontecido se Lula tivesse assinado o decreto que conferia poderes aos militares para restaurar a ordem pública no Distrito Federal? O decreto estava preparado e foi oferecido ao então presidente em um momento crítico. O Brasil, atônito, assistia ao cerco ao Palácio do Planalto, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, com milhares de manifestantes que se opunham ao resultado das eleições.

A presença de milhares de pessoas em acampamentos nas imediações das forças armadas deve ser considerada com seriedade. O ex-presidente Jair Bolsonaro, que ocupava a presidência na ocasião, havia instruído o Exército a permitir tal exceção, alegando que o que ocorria não se tratava de um golpe, mas sim de um exercício legítimo de liberdade de expressão, conforme previsto na Constituição.

É importante frisar que as operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que autorizam o uso das forças armadas em situações de crise, são decididas pelo presidente da República quando as forças policiais convencionais ficam sobrecarregadas. Este tipo de intervenção é temporário e limitado a áreas específicas, visando a restauração da normalidade.

Entretanto, ao tomar conhecimento das intenções de Lula, Janja, a primeira-dama, acendeu um alerta. Especialmente, se os militares fossem autorizados a atuar, quem garantiria que eles não cederiam à pressão dos golpistas? A dúvida pairou no ar.

Optando por não assinar o decreto, Lula decretou uma intervenção federal no Distrito Federal, ação que foi coordenada por Ricardo Cappelli, Secretário-Geral do Ministério da Justiça. Contudo, a ação contra os manifestantes foi frustrada em parte, pois o Comandante do Exército impediu prisões imediatas, permitindo que alguns dos acampados, incluindo militares e seus familiares, se dispersassem antes da intervenção.

A narrativa das ações de 8 de janeiro é marcada, muitas vezes, por uma cobertura jornalística apressada e superficial, onde a apuração é menos profunda do que em tempos passados. O papel do jornalismo, em um momento como esse, deve ser o de investigar e, mais do que apenas relatar declarações, elucidar os fatos para a sociedade.

Assim, no futuro, é fundamental que a população brasileira compreenda melhor os desdobramentos daquele dia, que ainda ecoam em nossas instituições e na nossa história. A luta pela verdade e pela justiça não deve arrefecer, pois é ela que moldará a trajetória democrática do país.

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