Discurso do 7 de Setembro: Uma Mensagem de Soberania e Crítica Política

No último sábado (6), véspera do feriado de 7 de Setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um pronunciamento em rede nacional que, além de celebrar a independência do Brasil, trouxe recados diretos ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Desde o início de sua fala, Lula destacou a importância do 7 de Setembro, afirmando que essa data simboliza o momento em que o Brasil “deixou de ser colônia” para conquistar sua “independência, liberdade e soberania”.

A noção de soberania, segundo Lula, se tornou central para o governo brasileiro, especialmente após a imposição de Tarifas elevadas sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos. “Mais de 200 anos se passaram e nós nos tornamos soberanos. Não somos e não seremos novamente colônia de ninguém. Somos capazes de governar e de cuidar da nossa terra e da nossa gente, sem interferência de nenhum governo estrangeiro”, declarou o presidente.

Vale lembrar que neste sábado se completa um mês desde que Donald Trump sancionou Tarifas unilaterais de 50% sobre as exportações de produtos brasileiros, incluindo carne bovina e café. Em abril passado, o Brasil já havia enfrentado uma sobretaxa de 10%, e em julho, Trump anunciou Tarifas adicionais de 40%. Desde então, o governo brasileiro tem buscado diálogo com a Casa Branca, mas até o momento as tentativas não foram bem-sucedidas.

A justificativa apresentada pelo governo dos EUA para essas taxas é a tentativa de reduzir o déficit comercial com o Brasil. Contudo, essa alegação é contestada, já que os Estados Unidos apresentam superávit na balança comercial com o Brasil, vendendo mais do que comprando.

Defesa da Democracia e Críticas ao Exílio

Em sequência, Lula utilizou seu discurso para reafirmar seu compromisso com a democracia e deixar claro que não aceitará qualquer tentativa de golpe. Embora não tenha mencionado diretamente Eduardo Bolsonaro, suas declarações claramente miravam o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O presidente afirmou ser “inadmissível o papel de alguns políticos brasileiros que estimulam os ataques ao Brasil”.

Afirmando que esses políticos foram eleitos para trabalhar pelo povo, Lula criticou a defesa dos interesses pessoais em detrimento do bem coletivo: “São traidores da pátria. A História não os perdoará”, afirmou. Essa não foi a primeira vez que Lula se referiu a Eduardo Bolsonaro dessa forma, já tendo solicitado sua cassação em outras oportunidades.

Eduardo Bolsonaro, que se encontra autoexilado nos Estados Unidos desde março deste ano, tem promovido reuniões com membros do governo americano e declarado publicamente que fará o que for necessário para dificultar o diálogo entre os dois países. Um exemplo disso foi o cancelamento de uma reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, após uma conversa com o deputado brasileiro.

A justificativa para a impossibilidade de diálogo, segundo Eduardo, é que as Tarifas impostas não têm uma natureza comercial, como as aplicadas a outros países. No caso do Brasil, a taxação possui um caráter político, evidenciado pelo fato de Trump mencionar frequentemente o ex-presidente Bolsonaro em suas redes sociais, inclusive no documento que anunciou as Tarifas contra o Brasil.

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