Após a Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovar a concessão permanente do Hospital Cidade do Sol ao Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), uma operação da Polícia Civil foi desencadeada na manhã desta quarta-feira (28) contra gestores do instituto. Esta ação levou a deputados oposicionistas, que se opuseram à proposta, a intensificarem suas críticas à administração da saúde pública durante a sessão ordinária da CLDF. Essa controvérsia destaca as profundidades dos problemas enfrentados no setor de saúde pública da região.

O deputado Fábio Felix, do PSOL, expressou suas preocupações da tribuna ao afirmar que os escândalos que afetaram o Distrito Federal nos últimos seis anos estão diretamente relacionados ao Iges-DF. Ele criticou a falta de entrega dos serviços prometidos pelo instituto, mencionando os desafios que a população encontra nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) sob a gestão do Iges-DF. Felix solicitou maior transparência e comprometeu-se a acompanhar de perto as investigações e denúncias emergentes.

Na mesma linha crítica, o deputado Gabriel Magno, do PT, que participou de reuniões com enfermeiros e médicos da rede pública que estão em vias de paralisar suas atividades, descreveu a operação policial como uma “tragédia anunciada”. Para ele, a transferência de unidades de saúde para o Iges-DF faz parte de um projeto político de desmonte do serviço público. Magno também comunicou que apresentou um requerimento à Comissão de Educação, Saúde e Cultura com a intenção de convocar o presidente do Iges-DF para prestar esclarecimentos sobre a situação.

A deputada Dayse Amarilio, do PSB, utilizou uma metáfora forte ao comparar o Iges-DF a um câncer, expressando a esperança de que ele “não cresça” no Distrito Federal. A parlamentar alertou que até o momento, os 54 termos aditivos destinados ao instituto já totalizam cerca de R$ 1,7 bilhão, representando 33% do orçamento total da saúde na região. Ela salientou que já estavam sob a administração do Iges-DF todas as UPAs, além de dois grandes hospitais, enfatizando que a adição de mais uma unidade contraria a legislação que deveria garantir a complementaridade do instituto. Assim, segundo ela, há atualmente mais unidades sob a responsabilidade do Iges-DF do que da própria Secretaria de Saúde.

O deputado Max Maciel, também do PSOL, levantou questionamentos sobre a real necessidade de agregar mais um hospital ao Iges-DF, caracterizando a saúde pública no distrito como um setor que deveria envergonhar a cidade. Ele argumentou que a situação revelada pela operação policial indica um padrão de comportamento dentro do instituto, expressando seu repúdio não apenas ao modelo de gestão do Iges-DF, mas também às práticas que têm sido implementadas. Maciel lamentou as condições em que os médicos e enfermeiros atuam, frequentemente enfrentando falta de estrutura e trabalhando em ambientes precários, enquanto o instituto recebe uma parte significativa do orçamento destinado à saúde pública.

Esse ambiente de críticas e denúncias ressalta a crescente insatisfação com a gestão atual da saúde no Distrito Federal. As falhas na entrega de serviços essenciais, a falta de transparência e a precarização das condições de trabalho para profissionais de saúde emergem como questões centrais a serem abordadas. As declarações dos deputados refletem uma preocupação generalizada acerca da governança e da eficácia do Iges-DF, especialmente em um momento em que as autoridades de saúde precisam garantir que a população receba atendimento adequado e digno. A discussão sobre a necessidade de reavaliação dos modelos de gestão e a restauração da confiança dos cidadãos nos serviços de saúde continua em pauta, à medida que a pressão da oposição aumenta e as investigações em andamento prometem trazer mais esclarecimentos sobre a situação do sistema de saúde pública no Distrito Federal.

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