Esquema de Desvios de Verbas na Educação
A Operação Lei do Retorno, iniciada pela Polícia Federal (PF) em agosto, investiga um esquema que desvia até R$ 50 milhões em verbas da Educação em cidades do Maranhão. O estopim dessa investigação foi a apreensão de R$ 575 mil em 2022, que trouxe à tona um esquema de corrupção que envolve políticos locais.
O foco da investigação recai sobre Fábio Gentil, ex-prefeito de Caxias e atual secretário de estado da Agricultura, e sua namorada, a deputada estadual Daniella Cunha (PSB). As suspeitas começaram a emergir a partir de uma abordagem feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em 18 de janeiro, quando os agentes encontraram o dinheiro em sacolas dentro de um Toyota Corolla, onde estavam dois indivíduos supostamente ligados ao esquema.
Como a PF Desvendou o Esquema
Logo após a apreensão, a PF começou a investigar a origem do montante, que se revelaram indícios de uma organização criminosa responsável pelo desvio de verbas públicas, incluindo recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Os dois indivíduos que estavam no carro foram interrogados, mas, segundo a PF, não conseguiram justificar a origem do dinheiro e apresentaram versões contraditórias.
Após a análise de celulares dos suspeitos, os investigadores encontraram evidências robustas que indicam o recebimento de propina em decorrência de contratos com o município de Caxias, na época administrado por Gentil, bem como outras localidades do Maranhão. A PF acredita que o montante apreendido seria entregue a um servidor municipal, que repassaria os valores a Fábio e Daniella.
Ligação Familiar e Estruturas de corrupção
Outro aspecto intrigante da investigação é que o veículo utilizado para transportar o dinheiro estava registrado em nome da mãe da deputada Daniella Cunha, enquanto um dos ocupantes do carro é tio da parlamentar. A PF ressalta que pode haver uma rede de atuação criminosa que não se limita a Caxias, mas também se estende a outros municípios do Maranhão.
“É importante observar que, se confirmada a continuidade da atividade criminosa em diversos municípios, estamos lidando com um caso grave que envolve corrupção sistêmica,” afirmou a PF em documento relacionado ao caso.
Desdobramentos da Operação Lei do Retorno
A Operação Lei do Retorno, que teve seu início no dia 19 de agosto, resultou em 45 mandados de busca e apreensão. Ao longo das investigações, foram confiscados veículos, joias, R$ 54 mil em dinheiro vivo e um cheque de R$ 300 mil. Em uma segunda fase da operação, em 21 de agosto, o número de mandados aumentou para 94, resultando em apreensões que já somam cerca de R$ 2,5 milhões em dinheiro, cheques e veículos.
Os crimes investigados incluem formação de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato, fraudes em licitações e lavagem de dinheiro, cujas penas podem somar até 52 anos de prisão.
Reações dos Envolvidos
A redação entrou em contato com Fábio Gentil e Daniella Cunha através de suas assessorias. Gentil negou quaisquer irregularidades e afirmou que está colaborando com as investigações. “Confio plenamente no trabalho da Polícia Federal e da Justiça Federal. Ao final, ficará claro que não tenho envolvimento nas supostas irregularidades,” declarou.
Por sua vez, Daniella Cunha também se defendeu, considerando as acusações absurdas e reafirmando sua confiança nas instituições responsáveis pela investigação. “Estou disposta a esclarecer qualquer dúvida e mantenho a consciência tranquila, comprometida com a legalidade e o interesse público,” disse.