Revelações sobre a Ocupação em Gaza

O governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, está se preparando para ordenar a ocupação completa da Faixa de Gaza, incluindo áreas onde o grupo terrorista Hamas mantém reféns. A informação foi veiculada por múltiplos veículos de comunicação israelenses na noite de segunda-feira (4 de agosto). Essa decisão surge em um clima tenso, após o Hamas divulgar um vídeo que mostra um refém israelense em condições precárias, enquanto as negociações entre as partes permanecem estagnadas.

De acordo com uma fonte do gabinete de Netanyahu, a ordem para a ocupação total foi confirmada pelo jornal The Jerusalem Post. Contudo, essa estratégia não é aceita por diversos setores militares, que expressam preocupações sobre o risco de o Hamas executar reféns durante a ofensiva das tropas israelenses. “Se essa abordagem não é do agrado do chefe do Estado-Maior, que se demita”, afirmou uma fonte do gabinete, em referência à tensão entre Netanyahu e o general Eyal Zamir.

O The Times of Israel destacou que a resistência das Forças Armadas está intimamente ligada ao temor de que a ocupação resulte em novas mortes de reféns, similar ao que ocorreu em agosto de 2024, quando seis reféns foram mortos. Organizações que representam os familiares dos sequestrados também têm alertado sobre os perigos que a expansão da ocupação representa para a vida dos reféns.

Apoio e Oposição à Decisão de Ocupação

Apesar das preocupações expressas, o governo de Netanyahu continua convencido da necessidade de uma ocupação total da região. A ordem foi igualmente abordada por emissoras como i24, Keshet 12 e o portal Ynet. Um membro do gabinete foi incisivo: “A sorte está lançada — vamos ocupar totalmente a Faixa de Gaza”. Em maio, a ONU já estimava que cerca de 70% da área estava sob controle israelense ou sob ordens de evacuação.

A pressão pela ocupação total é, em grande parte, advinda de ministros de extrema-direita e aliados da coalizão ultrarreligiosa que apoia Netanyahu. Essas figuras políticas também têm solicitado a deportação da população palestina e a criação de assentamentos judeus na região.

Ressaltando a complexidade da situação, o general Zamir tem se envolvido em debates acalorados com os ministros de extrema direita durante as reuniões do Gabinete de Segurança. A oposição à ocupação não se limita ao setor militar; mais de 500 ex-funcionários de segurança de Israel, incluindo antigos chefes do Mossad e do Shin Bet, recentemente assinaram uma carta pedindo ao governo dos Estados Unidos que intervenha para persuadir Netanyahu a interromper a guerra. “Parem a guerra em Gaza!”, clama o texto da carta, que conta com o apoio de 550 ex-militares, diplomatas e agentes de segurança.

Consequências da Guerra em Gaza

O Fórum de Famílias de reféns, principal associação de familiares dos sequestrados, criticou a postura de Netanyahu, alegando que o premiê está conduzindo Israel rumo à destruição e que os reféns estão sendo levados à morte. “Durante 22 meses, tem-se vendido a ideia de que a pressão militar e os intensos combates trarão os reféns de volta, mas isso não passa de uma ilusão”, destacaram os familiares.

Dos 251 reféns sequestrados pelo Hamas durante o ataque a Israel em outubro de 2023, 49 ainda permanecem em cativeiro, sendo que 27 deles podem ter falecido, segundo estimativas das Forças Armadas israelenses. A guerra que se seguiu ao ataque do Hamas resultou em um número alarmante de vítimas: mais de 1.200 mortos em Israel, a maior parte civis, conforme dados oficiais. Em resposta, a ofensiva israelense já tirou a vida de mais de 60 mil pessoas na Faixa de Gaza, sendo a maioria civis, segundo informações do Ministério da Saúde local, cujos dados são considerados confiáveis pela ONU.

Share.
Leave A Reply

Exit mobile version