Desafios nas negociações Comerciais

Após as primeiras consultas ao setor privado, o governo brasileiro se encontra em uma corrida contra o relógio para encontrar o interlocutor adequado que possa conduzir as negociações com os Estados Unidos. O foco é a tentativa de persuadir o presidente Donald Trump a revisar a onerosa tarifa de 50% imposta às exportações brasileiras.

O encaminhamento oficial dessa negociação será feito ao USTR, que é a sigla para United States Trade Representative, ou seja, o Representante Comercial dos Estados Unidos. No entanto, o vice-presidente Geraldo Alckmin, que está à frente das discussões no Brasil, destacou em reuniões com empresários realizadas na última terça-feira que essa é uma das maiores dificuldades enfrentadas atualmente para resolver a questão.

Um dos participantes do encontro revelou à imprensa que Alckmin foi claro ao afirmar que o diálogo com a Casa Branca se mostra desafiador. Na segunda-feira, ele já havia mencionado que a proposta brasileira para discutir a tarifa de 10%, que foi implementada em abril contra o Brasil, foi enviada em 16 de maio, mas até o momento não recebeu nenhuma resposta.

Pressões e Desafios Adicionais

Além disso, os empresários expressaram que a dinâmica do governo Trump agrava ainda mais a situação, uma vez que as decisões são centralizadas na Casa Branca e as comunicações tendem a ser informais, não seguindo os protocolos tradicionais de negociação comercial e diplomática. Um empresário envolvido nas negociações comentou à CNN que essa característica vale tanto para os representantes do governo quanto para os lobistas de Washington, que estão sendo chamados a atuar em nome das empresas brasileiras.

A percepção entre os empresários é de que o governo brasileiro cometeu um erro ao superestimar sua capacidade de diálogo tradicional desde a ascensão de Trump ao poder. Eles acreditam que não estabeleceram as conexões necessárias com o presidente dos Estados Unidos, confiando que os canais formais seriam suficientes para resolver qualquer impasse que pudesse surgir.

O impasse, porém, já se concretizou e, com isso, o tempo se torna um fator crítico. Empresários agora clamam por um pedido de adiamento da implementação do tarifaço por um período de 90 dias. Contudo, o governo mostra resistência a essa proposta.

Iniciativas e Preocupações no Cenário Político

A opção do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, de priorizar a Embaixada dos Estados Unidos é vista como uma ação positiva. No entanto, essa abordagem pode complicar a busca por um único interlocutor que tenha acesso direto a Trump. O contato que Tarcísio mantém, que é um encarregado de negócios, ocupa uma posição diplomática de menor hierarquia dentro do Departamento de Estado.

Para complicar ainda mais a situação, há preocupações referentes ao avanço das negociações do governo brasileiro, já que pode haver uma reação adversa por parte do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ele possui mais acesso à Casa Branca do que o próprio governo e defende que a reversão do tarifaço só aconteça em contrapartida à anistia dos investigados em relação aos eventos de 8 de janeiro — uma condição que nem o Palácio do Planalto nem o Palácio dos Bandeirantes consideram nas suas estratégias de negociação.

Share.
Leave A Reply

Exit mobile version