Ministério Público Eleitoral Detalha Esquema de Desvio

Em uma nova etapa da Operação Fundo do Poço, o Ministério Público Eleitoral (MPE) trouxe à tona uma denúncia que expõe a natureza privada da gestão financeira do antigo Partido Republicano da Ordem Social (Pros). Um dos pontos mais alarmantes diz respeito ao uso de recursos públicos para custear um plano de saúde empresarial, cuja cobertura se estendia à família do ex-presidente da sigla, Eurípedes Gomes de Macedo Júnior.

A investigação, que culminou na acusação de 19 indivíduos por crimes como organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro, evidencia que a cúpula do partido tratava a legenda como se fosse um patrimônio pessoal. De acordo com o MPE, a operação ilícita era tão bem estruturada que utilizava um plano de saúde coletivo vinculado a uma empresa de fachada, a Lar Serviços e Consultoria LTDA, para beneficiar os membros mais próximos do esquema.

Documentos obtidos na investigação, entre os quais um boleto de R$ 7.553,41, evidenciam que a apólice “876 – MULTI SAÚDE EMPRESA” incluía como beneficiários diretos não apenas Eurípedes, mas também seus familiares e aliados. A lista de segurados é significativa:

  • Maria Aparecida dos Santos (mãe de Eurípedes).
  • Eurípedes Gomes de Macedo Júnior (o próprio líder do esquema).
  • Ariele de Oliveira Coimbra Macedo (esposa de Eurípedes).
  • Jhennifer Hannah Lima de Macedo (filha de Eurípedes).
  • Fabrício George Gomes dos Santos (irmão de Eurípedes).
  • Kelle Pereira da Silva Dutra (cunhada de Eurípedes).

A empresa responsável pela contratação do plano, a Lar Serviços, estava oficialmente registrada em nome de Maria Aparecida e Kelle, mas as investigações da Polícia Federal revelaram que se tratava de uma empresa “de fachada”. Durante uma operação, os agentes encontraram que o endereço da empresa pertencia a uma residência onde os moradores negavam qualquer vínculo com a sigla ou com Eurípedes Gomes.

Para o MPE, o uso de uma empresa de fachada para garantir um plano de saúde para a família ilustra a audácia do grupo, enfatizando a tese de que fundos do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral estavam sendo desviado para cobrir despesas pessoais, permitindo a ostentação de uma vida luxuosa a partir de recursos públicos.

A denúncia sugere que Maria Aparecida dos Santos, devido à sua relação familiar com o líder da organização criminosa, emprestou seu nome para a formação de empresas de fachada, além de permitir a utilização de suas contas bancárias para a movimentação de valores oriundos de desvios partidários, beneficiando-se diretamente por meio do plano de saúde empresarial.

Esse fato, somado a outras acusações como a compra de automóveis de luxo, a utilização de candidaturas laranjas e a movimentação de quantias milionárias em dinheiro vivo, pinta o retrato de uma organização criminosa que, segundo o MPE, se apropriou de uma legenda partidária para enriquecer a si mesma e a seus familiares, causando grandes prejuízos aos cofres públicos.

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